DA SUCURSAL DO RIO

A imagem de Pelotas como centro de intensa presença homossexual nasceu da sua riqueza no começo do século.
A produção de couro e outros negócios das estâncias -modo como os gaúchos chamam as fazendas- da região permitiram à aristocracia rural enviar seus filhos para estudar em Portugal e na França.
Ao embarcar em navios no porto fluvial, os jovens pelotenses ostentavam os modos rudes do gaúcho de perto da fronteira (cerca de duas horas) com o Uruguai.
Ao voltar, depois de banhos de cultura e civilização, os filhos dos ""estancieiros" mostravam gestos gentis, como beijar as mãos das mulheres.
Para muitos homens grosseiros, era o que bastava para suspeitar da masculinidade dos filhos que à terra regressavam.
Ao mesmo tempo, o Carnaval local passou a ter milhares de homens vestidos de mulher que acabavam confundidos com gays pela mídia.
No Rio Grande do Sul, Pelotas é conhecida como a ""Princesa do Sul". Um dos pólos culturais do Sul do país por décadas, a cidade reforçou a fama de reduto homossexual.
(MÁRIO MAGALHÃES)



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