São Paulo, sábado, 28 de outubro de 2000

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SÃO PAULO
Marta e Maluf repetem acusações antigas, mas fazem o debate com menor grau de tensão e confronto desde o primeiro turno
Campanha chega ao fim em clima morno

DA REPORTAGEM LOCAL

O último debate na TV entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy (PT) e Paulo Maluf (PPB), foi o que registrou menor grau de tensão e confronto dos quatro realizados desde o primeiro turno.
Marta e Maluf repetiram uma série de acusações que se fazem mutuamente desde o início da campanha. A petista afirmou que o pepebista não cumpriu promessas de campanha, como deixar a Guarda Municipal com dez mil homens (saiu do cargo com 5.000, segundo Marta) e a construção de 120 mil unidades habitacionais do projeto Cingapura (entregou apenas 6.080).
Maluf criticou Marta porque petistas defenderam a liberdade para os sequestradores canadenses do empresário Abílio Diniz, lembrou a apresentação de projeto de lei que reduzia a pena de presos que estudassem e o número de beneficiados por um programa de emprego defendido pelo PT.
O debate, transmitido pela Rede Globo, durou 50 minutos e foi dividido em quatro blocos. A emissora planejava a possibilidade de realização de um quinto bloco, que foi descartado pelo temor de que seu final ocorresse depois da meia-noite. A lei eleitoral determinava o encerramento da campanha eleitoral, o que inclui o debate de ontem, naquele horário.
O programa registrou uma média de audiência de 37 pontos, o que equivale a 2,960 milhões de espectadores. Ele chegou a ter picos de 43 pontos. A média do horário normalmente atinge 19 pontos. No outro debate do segundo turno, realizado na Rede Bandeirantes, a audiência ficou em 15 pontos em média. Cada ponto equivale a 80 mil telespectadores.
No primeiro bloco do programa, os candidatos tiveram de responder a uma questão proposta pela emissora: como enfrentar as irregularidades na administração municipal, reveladas desde o ano passado.
Marta afirmou que pretende descentralizar a administração com a criação de subprefeituras. Maluf disse que, quando prefeito, afastou administradores de regionais envolvidos em iregularidades.
A partir daí, em cada bloco os candidatos faziam perguntas ou ao outro de temas livres e de alguns outros pré-selecionados: recuperação do centro da cidade, o fim ou a manutenção do PAS e o combate à violência. Os candidatos tinham sido informados dos temas em discussão três dias atrás.
Os momentos de tensão foram poucos. Um deles ocorreu quando Maluf citou uma declaração de 1998 de Hélio Bicudo, atual candidato a vice na chapa petista. Nela, Bicudo afirmava que descartava a candidatura Marta porque, "com a rede de hospitais públicos na mão", ela colocaria em prática o que defende no Congresso, numa referência ao projeto de regularização do aborto defendido por ela.
Marta pediu direito de resposta, por ter considerado ofensiva a referência ao seu vice. O pedido foi negado pelo mediador do programa, o jornalista Carlos Nascimento.
Num momento em que discutiam o movimento dos sem-teto, Marta Suplicy afirmou: "Quem entende de invasão é o seu correligionário Sílvio Rocha". Era uma referência ao ex-cabo-eleitoral malufista acusado de ter orquestrado invasões durante o governo Luiza Erundina (89-92) e que, no ano passado, afirmou que o ex-prefeito seria o pai de sua neta. Exames de DNA comprovaram que Maluf não era o pai da criança.
Maluf referiu-se por três vezes à visita que lideranças petistas fizeram a uma penitenciária em São Paulo para pedir a liberação de sequestradores canadenses, a quem consideravam presos políticos.
Quando questionada a respeito, Marta acusou Maluf de ter deturpado o projeto que apresentou sobre a redução de pena para presos que estudam. "Quero aproveitar para esclarecer que quem comete sequestro, crime hediondo tem de ficar na cadeia. Meu projeto beneficia crime pequeno, ladrão de galinha. Para cada 12 horas de estudo, um dia a menos de pena", afirmou ela.
No estúdio, não havia platéia. Os candidatos puderam indicar apenas uma pessoa para acompanhá-los.
Marta escolheu o marqueteiro Augusto Fonseca, que ficou no estúdio em todos os blocos. Maluf também escolheu seu marqueteiro, José Maria Braga.





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