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SÃO PAULO
Marta e Maluf repetem acusações antigas, mas fazem o debate com menor grau de tensão e confronto desde o primeiro turno
Campanha chega ao fim em clima morno
DA REPORTAGEM LOCAL
O último debate na TV entre os
candidatos à Prefeitura de São
Paulo, Marta Suplicy (PT) e Paulo
Maluf (PPB), foi o que registrou
menor grau de tensão e confronto
dos quatro realizados desde o primeiro turno.
Marta e Maluf repetiram uma
série de acusações que se fazem
mutuamente desde o início da
campanha. A petista afirmou que
o pepebista não cumpriu promessas de campanha, como deixar a
Guarda Municipal com dez mil
homens (saiu do cargo com 5.000,
segundo Marta) e a construção de
120 mil unidades habitacionais do
projeto Cingapura (entregou apenas 6.080).
Maluf criticou Marta porque
petistas defenderam a liberdade
para os sequestradores canadenses do empresário Abílio Diniz,
lembrou a apresentação de projeto de lei que reduzia a pena de
presos que estudassem e o número de beneficiados por um programa de emprego defendido pelo PT.
O debate, transmitido pela Rede
Globo, durou 50 minutos e foi dividido em quatro blocos. A emissora planejava a possibilidade de
realização de um quinto bloco,
que foi descartado pelo temor de
que seu final ocorresse depois da
meia-noite. A lei eleitoral determinava o encerramento da campanha eleitoral, o que inclui o debate de ontem, naquele horário.
O programa registrou uma média de audiência de 37 pontos, o
que equivale a 2,960 milhões de
espectadores. Ele chegou a ter picos de 43 pontos. A média do horário normalmente atinge 19 pontos. No outro debate do segundo
turno, realizado na Rede Bandeirantes, a audiência ficou em 15
pontos em média. Cada ponto
equivale a 80 mil telespectadores.
No primeiro bloco do programa, os candidatos tiveram de responder a uma questão proposta
pela emissora: como enfrentar as
irregularidades na administração
municipal, reveladas desde o ano
passado.
Marta afirmou que pretende
descentralizar a administração
com a criação de subprefeituras.
Maluf disse que, quando prefeito,
afastou administradores de regionais envolvidos em iregularidades.
A partir daí, em cada bloco os
candidatos faziam perguntas ou
ao outro de temas livres e de alguns outros pré-selecionados: recuperação do centro da cidade, o
fim ou a manutenção do PAS e o
combate à violência. Os candidatos tinham sido informados dos
temas em discussão três dias
atrás.
Os momentos de tensão foram
poucos. Um deles ocorreu quando Maluf citou uma declaração de
1998 de Hélio Bicudo, atual candidato a vice na chapa petista. Nela,
Bicudo afirmava que descartava a
candidatura Marta porque, "com
a rede de hospitais públicos na
mão", ela colocaria em prática o
que defende no Congresso, numa
referência ao projeto de regularização do aborto defendido por
ela.
Marta pediu direito de resposta,
por ter considerado ofensiva a referência ao seu vice. O pedido foi
negado pelo mediador do programa, o jornalista Carlos Nascimento.
Num momento em que discutiam o movimento dos sem-teto,
Marta Suplicy afirmou: "Quem
entende de invasão é o seu correligionário Sílvio Rocha". Era uma
referência ao ex-cabo-eleitoral
malufista acusado de ter orquestrado invasões durante o governo
Luiza Erundina (89-92) e que, no
ano passado, afirmou que o ex-prefeito seria o pai de sua neta.
Exames de DNA comprovaram
que Maluf não era o pai da criança.
Maluf referiu-se por três vezes à
visita que lideranças petistas fizeram a uma penitenciária em São
Paulo para pedir a liberação de sequestradores canadenses, a quem
consideravam presos políticos.
Quando questionada a respeito,
Marta acusou Maluf de ter deturpado o projeto que apresentou
sobre a redução de pena para presos que estudam. "Quero aproveitar para esclarecer que quem comete sequestro, crime hediondo
tem de ficar na cadeia. Meu projeto beneficia crime pequeno, ladrão de galinha. Para cada 12 horas de estudo, um dia a menos de
pena", afirmou ela.
No estúdio, não havia platéia.
Os candidatos puderam indicar
apenas uma pessoa para acompanhá-los.
Marta escolheu o marqueteiro
Augusto Fonseca, que ficou no estúdio em todos os blocos. Maluf
também escolheu seu marqueteiro, José Maria Braga.
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