São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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Leia a íntegra do discurso do presidente eleito

Bem, eu quero dizer a todos vocês que amanhã, por volta do meio-dia, nós iremos fazer uma coletiva, na qual eu irei fazer um pronunciamento. Hoje são apenas alguns agradecimentos.
Primeiro, eu quero dar parabéns ao povo brasileiro pelo extraordinário espetáculo de democracia que ele deu no dia 27 de outubro de 2002, escolhendo o seu presidente da República e seus governadores.
Segundo, eu queria agradecer e cumprimentar o comportamento das autoridades que cuidaram do processo eleitoral, pelo Tribunal Superior Eleitoral e o seu presidente, Nelson Jobim. Meus agradecimentos ao presidente Fernando Henrique Cardoso pelo fato de ter anunciado à sociedade brasileira que possivelmente tenhamos a mais sensata e a mais democrática transição já vista no nosso país.
Quero agradecer aos milhões e milhões de homens, mulheres e adolescentes que votaram em mim e no companheiro José Alencar e agradecer aos milhões e milhões de homens, mulheres e adolescentes que votaram no meu adversário, que se abstiveram de votar, porque eu acho que essa atitude, esse comportamento do povo é o que consolida a democracia no nosso país.
Quero dizer para vocês que esse resultado eleitoral me obriga a afirmar a todos vocês que, embora tenha sido eleito pelo meu partido e pelos aliados do PC do B, do PL, do PCB e do PMN, a partir do dia 1º de janeiro, eu serei presidente de 175 milhões de brasileiros.
Queria dizer para vocês que a responsabilidade de governar é muito grande. Eu e minha equipe iremos governar este país, mas não seria exagero dizer pra vocês que apenas um presidente, o seu vice e a nossa equipe não serão suficientes para que a gente governe o Brasil com os seus problemas, portanto nós vamos convocar toda a sociedade brasileira, todos os homens e mulheres de bem deste país, todos os empresários, todos os sindicalistas, todos os intelectuais, todos os trabalhadores rurais, toda a sociedade brasileira, enfim, para que a gente possa construir um país mais justo, mais fraterno e mais solidário.
Por último, eu quero me dirigir à comunidade internacional. Acho que o Brasil pode jogar um papel extraordinário neste continente americano, para que possamos construir um mundo efetivamente de paz, no qual os países possam crescer economicamente e possam crescer do ponto de vista social para todo o seu povo. E farei o que estiver ao alcance do presidente da República do Brasil para que a paz seja uma conquista definitiva do nosso continente.
Quero dizer ao meu querido companheiro Genoino que você não perdeu a eleição, porque você não era governador, você apenas deixou de ganhar. Mas você vai perceber, meu companheiro Genoino, que, se você souber tirar proveito, uma derrota vai te deixar muito mais maduro, muito mais preparado e muito mais perto da próxima vitória. Para quem veio de Quixeramobim, ter 40 e poucos porcento de votos em São Paulo. Você, Genoino, foi um dos candidatos mais brilhantes que eu conheci. Se todo mundo tivesse o seu bom humor e a sua vontade, meu caro, o Brasil seria infinitamente melhor.
Eu quero aqui agradecer à minha companheira Benedita da Silva. A Benedita que, convencida por José Dirceu e por mim, foi cumprir um mandato de nove meses, numa situação extremamente difícil. Eu não tenho dúvida nenhuma de que a Benedita fez o que era possível fazer no período que ela fez. Eu quero aproveitar e dizer aqui para vocês que o que mais me incentivou a convencer a Benedita a assumir o governo do Rio foi o fato de ela ser negra. E ela assumir o governo do Rio de Janeiro foi a maior conquista dos negros depois da libertação dos escravos neste país.
Por fim, eu quero dizer pra vocês que o Brasil está mudando em paz. E, mais importante, a esperança venceu o medo. E hoje eu posso dizer para vocês que o Brasil votou sem medo de ser feliz.
Por último, eu quero agradecer a essa extraordinária figura. Eu não vou elogiar os meus dirigentes, que estão aí. Já conversei com meu adversário, José Serra, recebi um telefonema dele agora há pouco. Já conversei com muitas outras pessoas pelo país afora. Já agradeci em público à minha mulher durante muito tempo, durante a campanha. Mas acho que esse companheiro aqui não foi a única mas foi uma das coisas mais extraordinárias que aconteceram nessa campanha de 2002. Zé Alencar e eu não vamos ser um presidente e um vice. Nós vamos ser parceiros nos bons e nos maus momentos, vamos ser companheiros. E vocês sabem que, quando eu falo companheiro, falo companheiro com uma coisa muito forte no coração, porque nem todo irmão é um grande companheiro, mas todo companheiro é um grande irmão. E você é um grande companheiro, meu querido Zé Alencar.
É que eu não posso ficar com o microfone que eu tenho vontade de falar. Nós vamos ter que ir para a avenida Paulista, tem muita gente lá. Amanhã nós vamos ter uma coletiva, mas... que vou fazer um pronunciamento. Eu ainda tenho que cumprimentar algumas delegações de estrangeiros que estão aí.
Quero agradecer do fundo da minha alma a todos os companheiros que no primeiro turno e no segundo turno trabalharam de forma incansável. Quero agradecer à direção do meu partido e à direção dos partidos aliados. Quero dizer que sem vocês eu não seria o Lulinha paz e amor dessa campanha. Muito obrigado.


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