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Em discurso a uma multidão estimada em 50 mil pessoas que o esperava na av. Paulista, Lula disse que continuará sendo a mesma pessoa de sempre e que "o difícil vai começar agora"
Dia de festa
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando Luiz Inácio Lula da Silva apareceu num telão instalado
na avenida Paulista, às 22h40, para seu primeiro discurso como
presidente eleito do Brasil, as cerca de 50 mil pessoas (cálculo da
PM) que estavam no local ficaram
em silêncio. À 0h30 de hoje, quando ele chegou ao local, foi ovacionado pela multidão.
Quando começou a discursar,
logo foi interrompido pela multidão que cantava "Parabéns a Você" para o petista. Num discurso
rápido e emocionado, Lula agradeceu a votação e disse "tenham a
certeza de que nós continuaremos
sendo as mesmas pessoas que nós
fomos até agora".
O petista comparou a política ao
casamento. "Até agora as coisas
foram fáceis. O difícil vai começar
agora. Eu sempre comparo a política com o casamento. Quando a
gente está apaixonado, quer casar, senta junto com a namorada e
fica alimentando os nossos sonhos, discutindo o que vai fazer. E
a gente casa e nem sempre consegue fazer tudo com a rapidez que
a gente imaginava fazer."
"Segundo Lula, seu governo será a "oportunidade de provar que
um torneiro mecânico junto com
um empresário vai poder fazer
por este país tudo aquilo que a elite brasileira não conseguiu fazer."
No final, o presidente eleito, homenageou o candidato derrotado
ao governo paulista, José Genoino. Depois, todos acompanharam a execução do hino nacional.
A comemoração da Copa do
Mundo também reuniu 50 mil
pessoas na Paulista, segundo avaliação da PM. Para os organizadores da festa, ontem havia 150 mil
pessoas no local.
A multidão "avermelhou" a
avenida mais famosa da capital a
partir das 16h50. O primeiro pronunciamento de Lula foi transmitido ao vivo do Hotel Intercontinental, no centro.
O marqueteiro do PT, Duda
Mendonça, circulou no meio da
multidão, por volta da 0h de hoje.
Antes mesmo do término da votação em São Paulo (finalizada às
17h15), militantes e simpatizantes
do PT já ocupavam a primeira
quadra da avenida Paulista.
Às 17h20, a CET (Companhia de
Engenharia de Tráfego) já havia
interditado parcialmente o tráfego da avenida. O grito de guerra
das primeiras horas da comemoração foi criado e puxado por
Daiane Maria de Lima, 16, moradora de favela em Capão Redondo, zona sul. "Sai, sai da frente que
agora Lula é presidente."
A garota chegou à Paulista às
11h, acompanhada de dois irmãos
pequenos. Sem dinheiro, pegaram carona em dois ônibus. Até
as 17h ainda não haviam comido
nada. "Lula é o presidente dos pobres", disse Daiane.
Moradores do Alto de Pinheiros, bairro de classe média alta,
Rita e Dirceu Teixeira trouxeram
cinco crianças para a Paulista, incluindo a filha Juliana. Em 89,
quando o casal comemorou a
chegada de Lula ao segundo turno
das eleições, Rita estava grávida
da menina. "Ela é filha da democracia", disse o pai da menina.
(GABRIELA ATHIAS E FÁBIO VICTOR)
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