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CEARÁ
Com só 3.047 votos de vantagem, Lúcio Alcântara (PSDB) venceu o petista José Airton Cirilo
Depois de susto, "era Tasso" ganha mais 4 anos no poder
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Depois de 16 anos no poder, a
"era Tasso" consegue se manter
no Ceará por mais quatro anos,
com a vitória apertada de Lúcio
Alcântara (PSDB).
Foram somente 3.047 votos que
fizeram a diferença para Lúcio,
59, conseguir a maioria de
50,04%, contra 49,96% de José
Airton Cirilo (PT), 45, numa das
eleições mais disputadas do país.
Desde 1986 não havia uma disputa tão acirrada ao governo do
Estado. Desta vez, o que se colocou em xeque foi a manutenção
ou a queda do grupo do senador
eleito Tasso Jereissati (PSDB).
A última eleição difícil no Ceará
aconteceu quando Tasso disputava o governo do Estado pela primeira vez. Ele enfrentou um governo longo, conhecido como ""o
dos coronéis", que deteve o poder
durante todo o regime militar.
Desde então, o tucano conseguiu
eleger seu sucessor, Ciro, e se reeleger mais duas vezes, sempre no
primeiro turno.
"Toda eleição que só tem dois
concorrentes tende a uma condição plebiscitária, não que o governo de Tasso estivesse sob julgamento, mas por ele ser meu maior
apoiador", disse Lúcio.
Para Tasso, essa eleição não pode ser definida como um plebiscito sobre a manutenção ou a queda
de seu poder, mas pelo "desejo de
mudança".
Na época de sua primeira disputa, Tasso era o representante
maior de um grupo de jovens empresários que abriu um espaço
para discussão sobre políticas públicas e economia, o CIC (Centro
Industrial do Ceará).
Conhecido popularmente como "galeguinho dos olhos azuis",
ele era tido como azarão, inexperiente e aliado a partidos de esquerda, como o PCdoB.
Tasso enfrentou nas urnas e
venceu um dos coronéis, Adauto
Bezerra (PFL), a quem chamava
de "força do atraso". Hoje eles são
aliados.
Diferentemente do que aconteceu há 16 anos, quando Tasso representava a mudança, e os coronéis, o continuísmo, desta vez José Airton encarnou o papel mudancista, frente ao projeto de Lúcio de manter as principais políticas públicas do Estado.
A ascensão de José Airton surpreendeu a campanha do PSDB,
preparada para uma vitória de
Lúcio ainda no primeiro turno. O
tucano chegou muito perto de
vencer, com 49,79% dos votos,
contra 28,33% do petista no primeiro turno.
"Havia uma certa acomodação
da militância no primeiro turno",
reconheceu Tasso ontem, antes
de votar. "Mas tivemos uma campanha muito positiva, porque
conseguimos colocar a militância
na rua." Ele e Ciro Gomes (PPS)
se envolveram diretamente na
campanha de Lúcio, promovendo
caminhadas e comícios separadamente até a véspera da eleição,
muitas vezes percorrendo até cinco municípios por dia.
Ciro defendeu a chapa "Lu-Lu",
para pedir votos a Lúcio e Lula e
tentar diminuir os efeitos da "onda Lula" e da rejeição a José Serra
(PSDB) no Estado, onde o tucano
teve, no primeiro turno, apenas
8,53% dos votos -no segundo
turno, Tasso e Lúcio divulgaram o
apoio a Serra, diferentemente do
que fizeram no primeiro turno,
quando apoiaram Ciro.
Além de aproveitar a "onda Lula", o petista contou ainda com o
apoio dos ex-tucanos Sergio Machado (PMDB) e Welington Landim (PSB), que também foram
candidatos ao governo e tiveram,
no primeiro turno, 21% dos votos
juntos. Com esse reforço, José
Airton conseguiu entrar em áreas
antes dominadas pelo PSDB no
interior do Estado e se tornar
mais conhecido.
"De qualquer forma, foi uma vitória, vencendo ou perdendo,
porque ninguém nunca havia peitado o Tasso antes como nós fizemos", disse José Airton.
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