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JANIO DE FREITAS
Os russos na caça
Pela primeira vez em mais
de 30 anos de tentativas de
vender aviões ao Brasil, a indústria aeronáutica russa está
na iminência de afinal fazê-lo,
como parte primordial de um
amplo pacote conectado de
acordos e transações.
A intensa disputa entre cinco
fabricantes de caças a jato, representando também os interesses de quatro países, para
venda de uma nova esquadrilha ao Brasil, está tecnicamente
concluída. Se está concluída politicamente e o será comercialmente, depende de que a proposta sueca não consiga uma
(improvável) reviravolta de última hora, por ação do seu forte
lobby.
Uma das propostas russas
aliou as qualidades do seu caça,
o Sukhoi, consideradas as mais
convenientes para as características da FAB, a uma proposta de transferência de tecnologia, para o Brasil, superior a todas as demais. Vai da tecnologia do próprio avião até um domínio que atrai muito o Brasil,
o da indústria espacial.
Fabricado na Suécia para cobrir uma região pequena em
comparação com as distâncias
brasileiras, o caça Grippen se
mostrou incomparável, nesse
quesito, ao Sukhoi, capaz de
voar do Sudeste a Manaus sem
reabastecimento. O F-16 americano, o Mirage francês e o russo
MiG-29 são mais ou menos
equivalentes, mas cada um com
sua desvantagem, por pequena
que fosse, para a FAB. Além do
mais, o Sukhoi apresentou seu
maior avanço tecnológico
acompanhado do menor preço.
Em negócio de tamanha dimensão, pode-se imaginar o
que seja a luta dos lobbies. Decisões, nesses casos, só os detêm
quando os negócios chegam à
formalização. Na guerra ao Sukhoi, reapareceu a pretensa denúncia de falta constante de
suas peças de reposição.
A consulta direta de um brigadeiro brasileiro à Índia, possuidora de numerosos desses
aviões, levou a um diálogo inesperado. "Não há falta de peças
do fabricante, o que há é falta
de verbas liberadas para nossa
Força Aérea pelo setor econômico do governo" , disse o militar indiano consultado. Ao que
o brasileiro, que falava de uma
compra valiosa, apenas respondeu: "Se é isso, é também o nosso caso". Se houve consolo mútuo, não se sabe.
O custo do negócio é dado,
desde o governo Fernando
Henrique, em US$ 700 milhões.
Se for, é só o custo inicial.
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