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São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2003

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NO AR

Dia de festa

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Silvio Santos escorregou. Lula não nasceu no dia 6 nem foi registrado no dia 27, como dizia a resposta que levou o primeiro milhão do "Show do Milhão", semana passada. Era o contrário, alternativa inexistente nas respostas.
Foi ontem que se comemorou nos telejornais, com bolo entregue por Marta Suplicy, o aniversário de Lula -e sobretudo o primeiro aniversário de sua eleição para presidente.
Ainda não se completaram dez meses de governo, mas isso não importa. O que mais se ouviu foram vivas ao primeiro ano do "operário", do "migrante nordestino", do "alguém que não tinha canudo de formação universitária".
O "núcleo duro", como se diz, foi ao Bom Dia Brasil com Luiz Dulci e iria ao Programa do Jô com José Dirceu.
Comentaristas globais deram suas opiniões à solta. Um dia de festa. Alexandre Garcia:
- O presidente Lula completa 58 anos hoje e recebe os primeiros sinais de queda do desemprego e de volta do crescimento econômico. Um presente para ele e para todos nós.
Míriam Leitão:
- O governo Lula derrubou a inflação. Garantiu a estabilidade das regras, de contratos e a austeridade fiscal. Tudo isso teve um preço. Caíram a produção, o emprego. Mas as expectativas para o próximo ano são boas. Economistas prevêem que o país vai crescer 4%.
Franklin Martins, por fim, foi quem saudou a "mudança importante", a "vitória sobre o preconceito" que aconteceu com a eleição de um "operário", "que não tinha canudo" etc.
Não estão de todo sozinhos, os ministros e os comentaristas globais. Até o jornal "Financial Times" celebrava ontem o "sucesso" de Lula.
É um sucesso para todos os que temiam que fosse capaz de virar o país do avesso. Não foi.
 
Um ano atrás, o "preconceito" contra Lula era, em parte, quanto à mensagem que sua eleição deixaria. Por 20 anos, ele não trabalhou como metalúrgico nem usou o tempo para estudar e se preparar.
Hoje nem se fala de tais coisas. Mas é ligar a televisão para ver a ironia do comercial de uma universidade que traz Vicentinho como garoto-propaganda. O ex-metalúrgico, hoje deputado federal petista, fala de seu curso de direito:
- Aqui eu me sinto cada vez mais preparado para os desafios que virão.
Ele e Luiz Marinho, o atual presidente da CUT, que também fala aos telespectadores, no mesmo comercial:
- O seu sucesso depende de você. Eu me dediquei bastante, fui muito exigido, cobrado, e sei o quanto a Uniban tem contribuído para a construção de minha história.
É outra mensagem, oposta. Mas o mais significativo talvez seja que, com Lula no poder, eles todos se tornaram os exemplos, os modelos.


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