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NO AR
Dia de festa
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Silvio Santos escorregou.
Lula não nasceu no dia 6
nem foi registrado no dia 27, como dizia a resposta que levou o
primeiro milhão do "Show do
Milhão", semana passada. Era o
contrário, alternativa inexistente nas respostas.
Foi ontem que se comemorou
nos telejornais, com bolo entregue por Marta Suplicy, o aniversário de Lula -e sobretudo o
primeiro aniversário de sua eleição para presidente.
Ainda não se completaram
dez meses de governo, mas isso
não importa. O que mais se ouviu foram vivas ao primeiro ano
do "operário", do "migrante
nordestino", do "alguém que
não tinha canudo de formação
universitária".
O "núcleo duro", como se diz,
foi ao Bom Dia Brasil com Luiz
Dulci e iria ao Programa do Jô
com José Dirceu.
Comentaristas globais deram
suas opiniões à solta. Um dia de
festa. Alexandre Garcia:
- O presidente Lula completa
58 anos hoje e recebe os primeiros sinais de queda do desemprego e de volta do crescimento
econômico. Um presente para
ele e para todos nós.
Míriam Leitão:
- O governo Lula derrubou a
inflação. Garantiu a estabilidade das regras, de contratos e a
austeridade fiscal. Tudo isso teve um preço. Caíram a produção, o emprego. Mas as expectativas para o próximo ano são
boas. Economistas prevêem que
o país vai crescer 4%.
Franklin Martins, por fim, foi
quem saudou a "mudança importante", a "vitória sobre o preconceito" que aconteceu com a
eleição de um "operário", "que
não tinha canudo" etc.
Não estão de todo sozinhos, os
ministros e os comentaristas
globais. Até o jornal "Financial
Times" celebrava ontem o "sucesso" de Lula.
É um sucesso para todos os
que temiam que fosse capaz de
virar o país do avesso. Não foi.
Um ano atrás, o "preconceito"
contra Lula era, em parte,
quanto à mensagem que sua
eleição deixaria. Por 20 anos, ele
não trabalhou como metalúrgico nem usou o tempo para estudar e se preparar.
Hoje nem se fala de tais coisas.
Mas é ligar a televisão para ver
a ironia do comercial de uma
universidade que traz Vicentinho como garoto-propaganda.
O ex-metalúrgico, hoje deputado federal petista, fala de seu
curso de direito:
- Aqui eu me sinto cada vez
mais preparado para os desafios
que virão.
Ele e Luiz Marinho, o atual
presidente da CUT, que também fala aos telespectadores, no
mesmo comercial:
- O seu sucesso depende de
você. Eu me dediquei bastante,
fui muito exigido, cobrado, e sei
o quanto a Uniban tem contribuído para a construção de minha história.
É outra mensagem, oposta.
Mas o mais significativo talvez
seja que, com Lula no poder, eles
todos se tornaram os exemplos,
os modelos.
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