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ELEIÇÕES 2008 / ANÁLISE
Noiva de 2010, PMDB pode ter "dois maridos"
Para especialistas, peemedebistas não devem conseguir chegar a coesão nacional e podem se dividir entre Lula e Serra
José Serra projeta-se como o
único presidenciável tucano
e Lula ganha autonomia de
um PT enfraquecido para
conduzir a eleição em 2010
ANA FLOR
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O mapa eleitoral que emerge
das urnas impacta a corrida
presidencial de 2010 em pelo
menos três aspectos: o governador de São Paulo, José Serra,
se projeta em definitivo como o
presidenciável tucano, o PT enfraquecido dá autonomia ao
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva para conduzir o processo
de sucessão e o PMDB, fortalecido nacionalmente neste pleito, se afirma como a "noiva" cobiçada por tucanos e petistas. A
análise é de cientistas políticos
ouvidos pela Folha.
Para especialistas, o PMDB
terá a opção de manter a coligação com PT ou nacionalizar a
união com o PSDB. Existe ainda a possibilidade de lançar um
nome próprio, como observa
Celi Jardim Pinto, cientista política e diretora do Instituto de
de Filosofia e Ciências Humanas da UFRGS (Universidade
Federal do Rio Grande do Sul).
"Aécio [Neves, governador
mineiro do PSDB] pode se tornar o nome forte que o PMDB
busca. A hipótese não é de toda
obscura e agrada a Lula, que
gostaria de ver a oposição dividida", diz Celi. Para a especialista, o mineiro poderia deixar
o PSDB. Apesar da vitória de
dois de seus afilhados, em Belo
Horizonte e Juiz de Fora, Aécio
saiu "chamuscado dessas eleições", diz David Fleischer, professor emérito da Universidade
de Brasília (UnB).
O cientista político ressalta
que tucanos alimentam o sonho de lançar "uma chapa puro
sangue", com Serra na cabeça e
Aécio vice. "Garante boa parte
do eleitorado de Minas e de São
Paulo, os dois maiores colégios
do país. Mas o PSDB ainda teria
que buscar votos no Sul e no
Nordeste", afirma.
Nesta dobradinha sobraria
pouco espaço para acomodar o
PMDB, o que abriria caminho
para o presidente Lula negociar com o PMDB. O cientista
político Carlos Alberto Furtado de Melo, do IBMEC, acha
que a eleição deste ano "mostrou que Lula é muito maior
que o PT e que não há transferência de voto. "Perderam os
setores que poderiam sair vitoriosos e, assim, interferir no
processo de sucessão."
Melo e Fleischer dizem que o
PMDB não conseguirá coesão
nacional e deve se dividir entre
Lula e Serra. "É provável que o
PMDB de São Paulo esteja com
Serra. Mas não dá para dizer
que [Roberto] Requião (PR), e
o Sérgio Cabral (RJ) seguirão."
O professor de Ciência Política da USP Gildo Marçal Brandão concorda. "O PMDB nunca
foi unido." Ele afirma que as
eleições municipais derrubaram a crença de que grandes líderes, nacionais ou regionais,
elegem quem quiserem. "A
idéia de que Lula e Aécio elegem "um poste" não é assim.
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