São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 2006

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Aldo tira aumento da pauta de votações

Deputado retirou da pauta projetos que, se aprovados, aumentariam em R$ 134,465 milhões os gastos com o Judiciário

Dirigentes do Legislativo e do Judiciário desistiram de votar projeto neste ano por conta do desgaste causado pela questão dos reajustes


LETÍCIA SANDER
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), retirou da pauta de votações da Casa projetos que, se aprovados, aumentariam em R$ 134,465 milhões os gastos da União com o Poder Judiciário em 2007.
Os projetos -entre eles dois que reajustam os salários de magistrados e integrantes do CNJ (Conselho Nacional de Justiça)-, haviam entrado na previsão de votações divulgada sexta-feira, a pedido da assessoria da presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ellen Gracie Northfleet. Dificilmente os reajustes serão votados ainda neste ano.
A Folha apurou que Aldo e Ellen conversaram no final de semana. Depois disso, os projetos saíram da pauta e foi cancelada uma reunião de líderes partidários que contaria com a presença da ministra. Ellen Gracie iria pessoalmente à Câmara para defender e pedir agilidade na votação de temas de interesse do Judiciário. A reunião estava marcada para hoje.
Por meio de sua assessoria, a ministra disse que a reunião foi suspensa por iniciativa de Aldo. A Folha apurou porém que a desistência da reunião e da votação dos projetos nesta semana se deu por comum acordo entre os dois presidentes, por conta do desgaste que a questão dos reajustes traria.
Alguns deputados resistem em votar um aumento ao Judiciário agora por avaliarem que acabariam arcando com parte da repercussão negativa: a Câmara discute um aumento nos próprios vencimentos, tema polêmico, que deve ser aprovado até o final do ano.
Na pauta que a ministra tenta aprovar na Câmara constam quatro itens processuais e quatro itens econômicos. Os processuais permanecem na pauta e poderão ser votados nesta semana. Os outros caíram.
Entre os financeiros, o projeto de maior impacto reajusta em 5% o salário de ministro do STF, elevando-o de R$ 24.500 para R$ 25.725. Ele tem efeito cascata sobre a remuneração de 5.500 juízes, com gasto de R$ 92,904 milhões. Além disso, eleva automaticamente a gratificação paga a juízes eleitorais, de R$ 5.880 para R$ 6.174, ao custo de R$ 12,516 milhões.
O mais polêmico deles institui o jetom de 12% para conselheiros do CNJ, por presença em sessão, até o máximo de 24% ao mês, e prevê pagamento retroativo a junho de 2005, quando o órgão foi instalado, o que implicará despesa de cerca de pelo menos R$ 1 milhão.
Outros dois criam 262 cargos de servidor do STF, com impacto de R$ 18,614 milhões, e 88 cargos de servidor do CNJ, além de 38 funções comissionadas no conselho, com gasto extra de R$ 9,431 milhões.
Os outros quatro projetos que permanecem na pauta não têm repercussão financeira. Um permite que o processo judicial seja totalmente virtual, sem utilização de papel. Outro define normas para a tramitação de mandado de segurança coletivo. Os dois últimos reduzem o volume de processos do STF. Um regulamenta a súmula vinculante, criada pela reforma do Judiciário, e o outro institui a repercussão geral, mecanismo pelo qual o tribunal ficará desobrigado de julgar recursos que só tenham relevância para as partes envolvidas.


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