São Paulo, quarta-feira, 28 de novembro de 2007

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Oposição desobstrui pauta e acelera votação da CPMF

PSDB e DEM agora calculam que têm votos para derrotar governo no plenário

Medidas provisórias que trancavam a pauta foram votadas e projetos tiveram urgência retirada; caminho fica livre para apreciar CPMF

Alan Marques/Folha imagem
Reunião das bancadas do PSDB e DEM do Senado para mapear votos contra prorrogação de imposto do cheque e definir estratégia


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com um mapeamento que contabiliza entre 33 e 35 votos para derrubar a CPMF, tucanos e democratas selaram acordo para desobstruir a pauta do Senado e acelerar a tramitação da emenda que prorroga o tributo.
A intenção é fazer o governo correr contra o calendário para conseguir angariar no mínimo 49 dos 81 votos para aprovar a CPMF até o final do ano. A previsão do governo era votar a emenda em primeiro turno no plenário entre os dias 18 e 19.
Até ontem, PSDB e DEM adotavam táticas distintas: o primeiro mantinha a obstrução às votações, e o segundo queria votar. Nos bastidores, a posição dos tucanos era interpretada como um aceno de que haveria espaço para negociação.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), disse que a mudança de posição ocorreu porque, após a reunião com o DEM, ele passou a ter certeza de que tem votos para derrubar a CPMF. "Não precisa mais obstrução, agora é só cumprir prazos."
Foram aprovadas ontem as duas medidas provisórias que trancavam a pauta do Senado e o governo retirou a urgência de projetos que, ao ter preferência de votação, também impediam o avanço da tramitação.
A base aliada é formada por 53 senadores, mas há dissidências. Para supri-las, o governo tenta trabalhar até quatro votos do PSDB por meio de governadores. Nas contas da oposição, entretanto, até oito governistas podem votar pela rejeição da CPMF. A planilha lista três votos possíveis no PMDB: Jarbas Vasconcelos, Mão Santa e Pedro Simon. Também há uma ofensiva por votos no PR e no PTB, que deixou o bloco de apoio ao governo na semana passada. No PR, Expedito Júnior tem dito que acompanhará a oposição. O DEM tenta ainda atrair o voto de César Borges, que deixou o partido.
No PTB, a oposição conta com Mozarildo Cavalcanti e Romeu Tuma. Ontem, a bancada se reuniria em jantar para tratar do assunto. A tendência é o PTB não fechar questão.
Há ainda o voto de Osmar Dias (PDT), que será trabalhado pelo irmão Álvaro Dias (PSDB). Na prática, como o voto de Jarbas é considerado irreversível pelo governo, bastariam cinco desses oito votarem contra para que a CPMF não passasse. Essa contabilidade não inclui dois votos considerados incertos: José Nery (PSOL) e Valter Pereira (PMDB).
Do outro lado, o governo também planeja uma ofensiva. A estratégia foi traçada numa reunião entre os ministros José Múcio (Relações Institucionais), Guido Mantega (Fazenda), Paulo Bernardo (Planejamento) e Fernando Haddad (Educação). No encontro, foi acertado que cada ministro ficará responsável por trabalhar votos de oito a dez senadores.
(SILVIO NAVARRO E LETÍCIA SANDER)


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