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Oposição desobstrui pauta e acelera votação da CPMF
PSDB e DEM agora calculam que têm votos para derrotar governo no plenário
Medidas provisórias que trancavam a pauta foram votadas e projetos tiveram urgência retirada; caminho fica livre para apreciar CPMF
Alan Marques/Folha imagem
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Reunião das bancadas do PSDB e DEM do Senado para mapear votos contra prorrogação de imposto do cheque e definir estratégia |
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com um mapeamento que
contabiliza entre 33 e 35 votos
para derrubar a CPMF, tucanos
e democratas selaram acordo
para desobstruir a pauta do Senado e acelerar a tramitação da
emenda que prorroga o tributo.
A intenção é fazer o governo
correr contra o calendário para
conseguir angariar no mínimo
49 dos 81 votos para aprovar a
CPMF até o final do ano. A previsão do governo era votar a
emenda em primeiro turno no
plenário entre os dias 18 e 19.
Até ontem, PSDB e DEM
adotavam táticas distintas: o
primeiro mantinha a obstrução
às votações, e o segundo queria
votar. Nos bastidores, a posição
dos tucanos era interpretada
como um aceno de que haveria
espaço para negociação.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), disse que a mudança
de posição ocorreu porque,
após a reunião com o DEM, ele
passou a ter certeza de que tem
votos para derrubar a CPMF.
"Não precisa mais obstrução,
agora é só cumprir prazos."
Foram aprovadas ontem as
duas medidas provisórias que
trancavam a pauta do Senado e
o governo retirou a urgência de
projetos que, ao ter preferência
de votação, também impediam
o avanço da tramitação.
A base aliada é formada por
53 senadores, mas há dissidências. Para supri-las, o governo
tenta trabalhar até quatro votos do PSDB por meio de governadores. Nas contas da oposição, entretanto, até oito governistas podem votar pela rejeição da CPMF. A planilha lista
três votos possíveis no PMDB:
Jarbas Vasconcelos, Mão Santa
e Pedro Simon. Também há
uma ofensiva por votos no PR e
no PTB, que deixou o bloco de
apoio ao governo na semana
passada. No PR, Expedito Júnior tem dito que acompanhará
a oposição. O DEM tenta ainda
atrair o voto de César Borges,
que deixou o partido.
No PTB, a oposição conta
com Mozarildo Cavalcanti e
Romeu Tuma. Ontem, a bancada se reuniria em jantar para
tratar do assunto. A tendência é
o PTB não fechar questão.
Há ainda o voto de Osmar
Dias (PDT), que será trabalhado pelo irmão Álvaro Dias
(PSDB). Na prática, como o voto de Jarbas é considerado irreversível pelo governo, bastariam cinco desses oito votarem
contra para que a CPMF não
passasse. Essa contabilidade
não inclui dois votos considerados incertos: José Nery (PSOL)
e Valter Pereira (PMDB).
Do outro lado, o governo
também planeja uma ofensiva.
A estratégia foi traçada numa
reunião entre os ministros José
Múcio (Relações Institucionais), Guido Mantega (Fazenda), Paulo Bernardo (Planejamento) e Fernando Haddad
(Educação). No encontro, foi
acertado que cada ministro ficará responsável por trabalhar
votos de oito a dez senadores.
(SILVIO NAVARRO E LETÍCIA SANDER)
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