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Presidente reúne artistas para discutir Lei do Esporte
Setor artístico teme divisão de recursos com o esporte e pedirá a Lula mudança das regras; expectativa é que seja editada uma MP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REDAÇÃO
Após a polêmica na semana
passada em torno da aprovação
da Lei de Incentivo ao Esporte,
o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva recebe hoje à tarde no
Palácio do Planalto artistas e
representantes de entidades ligadas à cultura. Eles vão solicitar ao governo a retomada do
acordo feito no Senado e que
acabou sendo derrubado na votação da Câmara no dia último
dia 20. O ministro da Cultura,
Gilberto Gil, também participa
do encontro.
Da forma como o projeto foi
aprovado pelos deputados, empresas poderão deduzir até 4%
do Imposto de Renda para patrocínio ou doação a projetos
esportivos e paraesportivos. O
problema é que a faixa de isenção fiscal para o esporte é a
mesma da cultura, já prevista
na Lei Rouanet. A classe artística diz que pode perder recursos
na disputa com o esporte.
Na última sexta-feira, Lula já
havia dito que, se necessário,
editará uma medida provisória
para evitar que a cultura tenha
prejuízo. "O fato de nós querermos ajudar o esporte não nos
obriga a diminuir os investimentos na cultura", afirmou.
A expectativa de artistas que
estarão hoje em Brasília é que o
presidente retome o acordo firmado entre os ministérios da
Cultura e do Esporte, enquanto
o projeto tramitava no Senado.
Segundo a atriz Marieta Severo, está praticamente confirmado que o presidente editará
nova Medida Provisória. Para o
ator Ney Latorraca, ainda é
preciso encontrar um equilíbrio sobre os incentivos fiscais
destinados à cultura e ao esporte. O ator, que participará da
reunião com Lula, disse que a
Lei Rouanet não deve ser modificada, mas que os incentivos
devem ser definidos para que
não prejudiquem as duas áreas.
"O cara tem um produto. Ele
sabe que tem uma visibilidade
muito maior se anunciar numa
camisa de alguém que está jogando do que em um ator em
cena que não pode vestir uma
logomarca."
Pelo acordo firmado no Senado, o abatimento de 4% do IR
para investir em cultura continuaria sendo feito, e o percentual destinado ao esporte seria
enquadrado em uma cota que
as empresas têm para aplicar
em programa de alimentação
do trabalhador (concessão de
tíquete alimentação). A negociação foi conduzida pela líder
do PT no Senado, Ideli Salvati
(SC).
Foi justamente esse ponto
que levou os deputados a derrubarem a alteração. A avaliação dos parlamentares na Câmara, incluindo os do PT, era a
de que o texto poderia abrir
brechas para a retirada de recursos dos programas de alimentação do trabalhador.
O mesmo argumento foi usado pelo deputado Luiz Carlos
Hauly (PSDB-PR), que havia sido relator da proposta na Comissão de Finanças e Tributação, para defender que o texto
voltasse ao original.
(LUCIANA CONSTANTINO, RANIER BRAGON E CAROLINA RANGEL)
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