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Governo Yeda vive crise antes de começar
Pacote que aumenta impostos é rejeitado por membros da coalizão de tucana no Rio Grande do Sul
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O pacote econômico anunciado pela governadora eleita
do Rio Grande do Sul, Yeda
Crusius (PSDB), com aumento
de impostos, congelamento de
salários e prorrogação do ""tarifaço" existente atualmente
(que venceria no próximo dia
31) causou uma forte crise na
coalizão de apoio à tucana.
O próprio líder do PSDB na
Assembléia Legislativa gaúcha,
deputado Ruy Pauletti, adiantou que votará contra o projeto,
que foi apresentado pelo governador Germano Rigotto
(PMDB), que não se reelegeu, a
pedido de Yeda.
Outros aliados próximos manifestaram sua contrariedade.
Os secretários indicados Marquinho Lang (PFL), da Justiça
e Inclusão Social, e Berfrand
Rosado (PPS), do Planejamento, já renunciaram, antes mesmo de tomar posse oficialmente. Os dois alegaram constrangimento com as medidas.
Durante a campanha eleitoral, Yeda afastou a hipótese de
aumentar impostos, dizendo
que implementaria ""um novo
jeito de governar".
PFL
Um dos críticos é o vice-governador eleito, o empresário
Paulo Afonso Feijó (PFL), que
disse não pretender deixar o
governo em razão da discordância. ""Aumento de imposto é
aumento do custo de vida das
pessoas", afirmou ele.
Se Feijó diz que permanecerá
no governo, o mesmo não foi
feito por seu partido, o PFL,
uma das três siglas que formaram o principal núcleo de apoio
da governadora eleita durante
as eleições, além do próprio
PSDB e do PPS.
O líder da bancada do PFL na
Assembléia, Reginaldo Pujol,
disse ontem que o assunto será
discutido pelo partido hoje, em
reunião às 11h.
""Durante toda a campanha
eleitoral, o PFL foi claro ao dizer que era contra o aumento
de impostos. Cabe agora negociação para um termo comum.
Devemos nos esforçar para ficar solidários com a governadora e participar do governo
mediante alguns retoques [no
pacote]", disse Pujol.
"Somos responsáveis também por sua eleição e temos
que assumir o ônus de eventuais medidas que podem preservar o Estado de uma situação de ingovernabilidade."
Empresariado
Entre os empresários, cujas
entidades apoiaram Yeda na
disputa de segundo turno contra o petista Olívio Dutra, a rejeição ao pacote econômico é
praticamente unânime.
""Vamos ser duros e tentar,
dentro do modelo democrático,
que o pacote não seja aprovado", afirmou ontem o presidente da Federasul (Federação das
Associações Empresariais do
Rio Grande do Sul), José Paulo
Cairoli.
""Será penoso", comentou o
presidente da Associação Brasileira de Agronegócios no Estado, Antônio Wünch.
O novo governo gaúcho justifica as medidas dizendo que
elas representam economia de
R$ 1,45 bilhão, abatendo o rombo previsto, de R$ 2,3 bilhões.
"Pode representar desconforto inicial, mas representa
uma parte pequena perto do
que vamos fazer como incentivo de trabalho e renda", disse a
governadora eleita.
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