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BRASIL PROFUNDO
Berzoini diz que solucionar assassinato de fiscais é questão de honra
Governo cria força-tarefa para apurar mortes em MG
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A investigação sobre os responsáveis pelo assassinato de três fiscais do Ministério do Trabalho e
um motorista será conduzida por
uma força-tarefa composta pelas
polícias Federal, Rodoviária Federal, Civil e Militar de Minas Gerais
e pelo Ministério Público.
O acerto foi feito ontem da manhã, em meio a contatos entre o
presidente interino, José Alencar,
e os ministros Nilmário Miranda
(Direitos Humanos), Márcio
Thomaz Bastos (Justiça) e Ricardo Berzoini (Trabalho).
Esse mesmo grupo voltou a se
reunir à noite, no Planalto, acertando detalhes operacionais da
força-tarefa, que será conduzida
pela PF. Também decidiram que
os ministros e Alencar participarão, hoje, do velório dos fiscais e
do motorista em Belo Horizonte.
O ministro Berzoini, em nota
oficial que circulou na noite de
ontem, reafirmou o empenho do
governo em desvendar o crime e
relembrou que sua prioridade
neste ano é intensificar as ações de
fiscalização das condições de trabalho nas áreas rurais.
"É uma questão de honra. Eles
merecem toda a nossa consideração, as famílias merecem nossa
solidariedade. É também uma
questão de honra para o Estado
para não permitir que esse tipo de
ação possa, de alguma maneira
ainda que tênue, intimidar parte
dos auditores fiscais que têm a
honrosa tarefa de promover o
cumprimento das leis trabalhistas", disse Berzoini.
O governo trabalha com a "hipótese de execução" dos auditores fiscais do trabalho e do motorista. Todos os quatro funcionários foram mortos com apenas
um tiro na cabeça. "A nossa hipótese é de execução, os assassinos
não atiraram a esmo", disse.
Segundo Nilmário, há outros
indícios de "execução": a forma
como os tiros foram disparados,
todos à "queima-roupa" e o fato
de os criminosos não terem levado nada do lugar do crime.
Efetivo
A PF destacou 19 policiais para a
operação. Em conjunto com civis
e militares, eles cercaram a região
onde o carro dos fiscais foi emboscado. O local é conhecido como "Sete Placas" e fica a cerca de
50 km de Unaí, em Minas.
No início da tarde, Berzoini e
Miranda seguiram para o local do
crime em um helicóptero da PF,
no qual também embarcaram 11
policiais federais -o restante da
equipe seguiu em duas viaturas.
Integram o grupo cinco peritos
-dois médicos, um especialista
em balística, um químico e um
engenheiro-, profissionais que,
ao analisar os elementos e a cena
do crime, devem indicar qual teria sido o provável propósito da
abordagem feita contra os fiscais.
A auditora fiscal Ivone Baumecker, assessora do delegado do
Trabalho em Minas Gerais, Carlos
Calazans, disse ontem que em junho de 2003 Nelson José da Silva
havia recebido ameaça de morte
de fazendeiros da região. Ele solicitou à delegacia um reforço para
a fiscalização neste ano.
Os dois auditores de Belo Horizonte foram destacados para ajudar Nelson na inspeção das fazendas. "Ninguém imaginou que a situação fosse tão perigosa que necessitasse do apoio da Polícia Federal. Até porque não é muito fácil conseguir isso", afirmou Ivone
por telefone à Folha.
A Delegacia Regional do Trabalho de Minas Gerais tem 300 fiscais. No Brasil, segundo o Trabalho, eles chegam a 2.871.
Colaboraram JULIANNA SOFIA e IURI
DANTAS, da Sucursal de Brasília
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