São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 2006

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PAINEL

Bruxos dos números
Lula recebeu dois importantes analistas de pesquisas na última semana. Ouviu deles que deve crescer nos próximos levantamentos de intenção de voto, graças ao aumento do mínimo e à performance da economia.

Fla x Flu
Na opinião dos especialistas, a questão ética não será o ponto central da campanha. "Será uma nova disputa entre Lula e FHC, dessa vez entre o que cada um fez", disse um deles. Por isso, Lula foi orientado a bater na tecla da comparação entre os governos, como tem feito.

FMI como bandeira
O presidente foi aconselhado a explorar ao máximo o pagamento da dívida com o FMI. De um dos especialistas ouviu o seguinte raciocínio: FHC contraiu um dos maiores empréstimos já concedidos pelo Fundo; Lula, ao contrário, quitou a dívida.

Fôlego renovado
O resultado das consultas e das conversas da semana foi um Lula "em estado de graça", nas palavras de um aliado que esteve com ele duas vezes em poucos dias. "Estou na melhor fase desde o início das denúncias", comemorou o presidente.

Fiel da balança
Outra análise levada ao presidente foi sobre Anthony Garotinho. Para os especialistas, o ex-governador é peça fundamental para definir se haverá segundo turno. Caso ele fique fora, Lula poderia herdar os votos do eleitorado de classes C, D e E.

Costura de Poderes
Líderes e presidentes de vários partidos iniciaram na semana passada uma série de conversas no TSE e no STF para que não haja obstáculos judiciais à queda da verticalização das alianças.

Parabólica
Nas conversas com o PMDB, Lula demonstrou preocupação com o uso do tempo do partido na TV. Acha que será uma arma importante caso o candidato seja Garotinho, que sabe usar a comunicação como poucos.

Inflar para esvaziar
Governistas do PMDB comemoram o prazo de mais um mês para inscrições de candidatos. Acham que podem inflar o grid de largada para tornar o processo de escolha ainda mais incerto.

Caça ao amigo urso
Na montagem dos quadros de aliança nos Estados, Lula pretende fazer um pente-fino. Reclama de candidatos que ajudou durante sua gestão, mas que começaram o período de pré-campanha com críticas ao governo.

Vingança a frio
Um exemplo citado por Lula é o do governador de Alagoas, Ronaldo Lessa (PDT), aliado na campanha de 2002 e a quem o presidente diz ter atendido no governo. Ao saber das críticas de Lessa na TV, Lula pediu que lhe trouxessem a fita com as declarações. Viu e guardou.

Falha suspeita
O Sigel, sistema de acompanhamento dos gastos do governo paulista, não registra a execução orçamentária do Estado de SP neste mês em que o Alckmin está sem Orçamento aprovado.

Dinheiro a conta-gota
Sem a aprovação da peça, Alckmin teve de gastar 1/12 do Orçamento-05 neste mês. Em fevereiro, o valor, algo em torno de R$ 6 bi, não será suficiente para bancar projetos vitais do tucano, como o Rodoanel.

Campanha negativa
MST espalha pelo país cartazes com fotos de 14 parlamentares, com a seguinte mensagem: "Hediondo é o latifúndio. Não vote neles". É reação à CPI da Terra.

Nome aos bois
Nos cartazes, o MST lista nomes como os dos senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e Cesar Borges (PFL-BA) e dos deputados Abelardo Lupion (PFL-PR) e Xico Graziano (PSDB-SP). Lembra que os parlamentares votaram a favor de relatório que classifica invasões como "crime hediondo e ato terrorista".

TIROTEIO

Do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) sobre Lula ter afirmado que o Corinthians tem que privilegiar a Taça Libertadores neste ano:
-Lula como presidente é excelente comentarista de futebol.

CONTRAPONTO

Duro de engolir

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), é famoso entre os colegas por, a cada discurso em defesa do presidente Lula, enfileirar dados favoráveis sobre a economia.
Os senadores cunharam até expressão "mercadados" para se referir aos números, e o próprio Lula, em recente reunião com líderes aliados, fez menção ao hábito do petista:
-É o único que sabe todos os números do governo de cor.
Um dos "mercadados" preferidos do senador é sobre o preço do cimento. A cada discurso, ele costuma dizer que o aumento do salário mínimo permitirá comprar 25 sacos de cimento.
Na última semana, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), foi à tribuna contrapor os dados otimistas de Mercadante:
-Ninguém come cimento. Se bem que o senador Mercadante pode inventar uma nova receita: sopa de cimento!


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