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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O MARQUETEIRO
Advogado diz que gastos em clube onde publicitário foi preso são de "jantares e bebidas"
CPI encontra R$ 96 mil em cheques de Duda para rinha
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O publicitário Duda Mendonça
gastou R$ 96.080 no Clube Privé
Cinco Estrelas, local onde foi preso em flagrante no dia 21 de outubro de 2004 por participar de um
evento em que eram disputadas
brigas de galo, o que é considerado crime ambiental.
Foram ao todo cinco cheques,
emitidos pelo publicitário entre
2003 e o final de 2004. O maior deles, no valor de R$ 48.080, foi
compensado menos de um mês
antes da prisão de Duda.
Além dos gastos no Clube Privé,
quatro cheques para Reginaldo
Prata Rocha, no valor de
R$ 21.980, podem complicar a situação de Duda, que responde a
processo por maus tratos a animais. Prata Rocha é criador de galos. Foi preso em maio do ano
passado numa rinha no Clube do
Galo, em Salvador. Na ocasião,
Reginaldo disse que "vendeu e
vende galos de briga" para Duda.
Afirmara também que o publicitário manteria oito tratadores para cuidar dos seus galináceos.
O advogado do publicitário, Tales Castelo Branco, admitiu que
Duda pode ter comprado "galos
de raça", mas disse que o publicitário não aposta nem os coloca
para brigar. "Ele apenas assiste às
rinhas, nunca foi um apostador",
disse Castelo Branco.
Indagado sobre o motivo, então, de o publicitário ter passado
um cheque de R$ 48.080 ao Clube
Privé, Castelo Branco disse que se
devia a "encontros com amigos",
como jantares e bebidas. "O Duda
é homem que ganha muito e gasta
muito." Após a insistência da reportagem sobre o alto valor do
cheque para justificar jantares e
bebidas, Castelo Branco lembrou
que o publicitário gosta, por
exemplo, do vinho francês Romanée-Conti, com o qual presenteou
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva após um debate na TV Glona campanha de 2002. O vinho tomado por Lula, safra 1997, foi avaliado na época em R$ 6.000.
A pena por organizar ou participar de rinha de galo pode chegar a
um ano de prisão. Além de crime
ambiental, há quem considere a
briga de galo como formação de
quadrilha e jogo de azar, por causa das apostas. Porém, em março
de 2005, a Justiça do Rio decidiu
que Duda não seria processado
por formação de quadrilha e apologia ao crime, mantendo o processo por maus tratos a animais.
Os nove cheques (cinco para o
Clube Privé e quatro para Prata
Rocha) fazem parte dos dados do
sigilo bancário de Duda recebidos
pela CPI dos Correios.
Se Duda tem galos de briga ou
fez apostas em rinhas é algo que
não está na esfera de interesse da
CPI. Um gasto de R$ 25 mil supostamente para compra de gado,
no entanto, chamou a atenção dos
técnicos da comissão.
A CPI localizou um cheque de
R$ 25 mil de Duda para uma pessoa identificada como Edson
Moura, mesmo nome do prefeito
de Paulínia (SP). Questionado sobre se o dinheiro seria para o prefeito, o advogado Tales Castelo
Branco confirmou que sim.
Disse que não seria somente um
cheque, mas quatro de mesmo
valor, totalizando R$ 100 mil. O
dinheiro seria para a compra de
gado pertencente ao prefeito, que
teria uma fazenda na Bahia.
Procurado pela Folha, o prefeito disse, por meio de sua assessoria, que nunca havia feito negócio
com Duda e que só conhecia o publicitário pela televisão. Sobre a
reposta dada pelo prefeito, Castelo Branco disse que, de fato, os
dois não se conheciam pessoalmente e que o negócio havia sido
feito por intermédio de um funcionário de Edson Moura.
O cheque de R$ 25 mil foi emitido por Duda, a partir de sua conta
no BankBoston, em 19 de outubro
de 2000, durante a eleição municipal pela qual Moura se elegeu.
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