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Antes de crise, Lula reclamou de dor de garganta e mal-estar
Em hospital de Recife, presidente foi medicado para normalizar a pressão arterial e passou por exames que não acusaram problema
De acordo com o chefe da equipe médica, Lula, que teve de cancelar viagem a Davos, pela manhã estava "bem disposto e alegre"
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse aos médicos
que o socorreram na madrugada de ontem, em Recife, que estava com "moleza no corpo" e
sentia um mal-estar geral.
Com uma crise hipertensiva,
Lula apresentava resquícios de
uma gripe, mas não tinha febre.
Um "aperto no peito", dor de
garganta e vias respiratórias
obstruídas constituíram o quadro que precedeu a crise.
Dois dias antes, Lula começou a ter sintomas de gripe. No
lançamento de um programa
no Ministério da Justiça, terça-feira ao meio-dia, o presidente,
já abatido e impaciente, desistiu de fazer discurso.
No mesmo dia, durante voo
para Porto Alegre, reclamou de
dor de garganta. Quarta-feira,
ao seguir de Brasília para Recife, o presidente disse ao seu
médico particular, Cleber Ferreira, que o acompanha em todas as viagens, que sentia um
"aperto no peito". Ferreira mediu a pressão e os batimentos
cardíacos de Lula. Não detectou nada de errado, segundo assessores da Presidência.
Em seguida, o presidente se
queixou por estar com as vias
respiratórias "congestionadas". O médico detectou sinusite, e Lula seguiu viagem fazendo nebulização. Em público, ele
reclamou de dor de garganta logo no primeiro evento de anteontem, a inauguração de uma
UPA (Unidade de Pronto Atendimento), em Paulista, na região metropolitana de Recife.
"Eu vou ser muito breve, porque estou com a garganta não
muito boa e não quero ser o primeiro paciente desta UPA",
disse, ao iniciar o discurso.
"Mas ela está tão bem localizada, tão bem estruturada, que dá
até vontade de ficar doente para ser atendido", brincou.
O calor e as mudanças de
temperatura por conta do ar
condicionado também incomodaram o presidente. Em vários momentos, ele sinalizou
desconforto: colocava as mãos
na garganta e respirava fundo.
À noite, passou em jantar
oferecido pelo governador
Eduardo Campos (PSB). Comeu canapés, mas recusou a
carne de sol. Disse que estava
indisposto e que comeria algo
mais leve no avião quando embarcasse para Davos, na Suíça,
onde participaria do Fórum
Econômico Mundial.
Ao chegar à Base Aérea de
Recife, o médico o examinou e
diagnosticou o pico de pressão
(18 x 12). Lula insistiu em decolar, mas Ferreira recomendou
que fosse para o hospital.
O presidente foi então encaminhado para o Real Hospital
Português, onde chegou por
volta da 1h de Brasília. Foi atendido por uma equipe de seis
médicos e três enfermeiros, e,
segundo a equipe, medicado
com diurético para normalizar
a pressão arterial. Foi também
submetido a uma bateria de
exames radiológicos do tórax e
do abdome, além de testes sanguíneos, que nada acusaram.
Lula passou a madrugada na
suíte presidencial, um triplex
no 13º andar com vista para o
mar e cama com instrumentos
similares aos de uma UTI. Segundo o chefe da equipe médica que o atendeu, Cláudio Amaro Gomes, Lula foi submetido a
nebulizações e, apesar de só cochilar, levantou-se às 6h (de
Brasília) "disposto e alegre".
O presidente tomou café com
leite e comeu gelatina, torradas
e frutas. Antes de deixar o hospital, às 6h50 de Brasília, tirou
fotos com a equipe médica.
Segundo o médico, o hospital
disponibiliza uma estrutura de
atendimento emergencial ao
presidente em todas as visitas
que faz a Pernambuco. Além da
suíte, são reservados para eventualidades um setor na ala de
cirurgias complexas e uma UTI
móvel.
(FÁBIO GUIBU, MATHEUS MAGENTA E SIMONE IGLESIAS)
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