São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2000


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BANCO CENTRAL
Fraga faz promessas e "boca-de-urna" pela aprovação
Grossi é aprovada para diretoria do BC

RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília

Com ofensiva do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e colaboração do presidente Fernando Henrique Cardoso, o Senado aprovou ontem, em votação secreta, a indicação de Tereza Cristina Grossi para a diretoria de Fiscalização do Banco Central.
Foram quase cinco horas de discursos de senadores da oposição -e alguns do PMDB- protestando contra a indicação, mas o resultado foi de 45 votos a favor, 27 contra e 3 abstenções. A votação terminou às 20h44.
O presidente do BC telefonou para líderes governistas reiterando a importância da indicação. Ele também ligou para pelo menos um senador da base, que ameaçava votar contra: Ernandes Amorim (PPB-RO).
Segundo Amorim, Fraga prometeu que o Banco Central vai rever a intervenção no Beron (Banco do Estado de Rondônia) e uma dívida de R$ 600 milhões da instituição, cobrada "injustamente" pelo Banco Central.
"O Armínio Fraga vai corrigir, então vou votar a favor", disse o senador. "Para o bem-estar do meu Estado, sou capaz de fazer qualquer coisa", completou.
O problema de Amorim foi levado a Fraga pelo líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (PSDB-DF). "O senador Amorim dizia que o Beron não estava tendo tratamento correto do Banco Central e eu passei a questão para o Armínio", admitiu o líder.
Até FHC ajudou para que o governo não perdesse votos a favor de Tereza Grossi. Ele concordou com pedido de Arruda para adiar audiência que concederia ao senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) à tarde. O pedido foi feito para evitar que Mestrinho deixasse o plenário.
Funcionária de carreira do BC, Grossi é acusada de ser uma das responsáveis pelo socorro financeiro aos bancos Marka e FonteCindam, em janeiro de 1999, que teria causado um prejuízo superior a US$ 1 bilhão aos cofres públicos. A operação foi investigada pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Bancos. Grossi é acusada em quatro ações encaminhadas à Justiça Federal por sete procuradores da República.
Os líderes governistas só se manifestaram no fim da sessão. O líder Arruda disse que o voto a favor de Tereza Grossi era um "voto de respeito ao servidor público de carreira, que não pode pagar o pato por decisões de superiores".
Sérgio Machado (PSDB-CE), líder do PSDB, também isentou Tereza Grossi de qualquer responsabilidade pela ajuda dada pelo Banco Central aos bancos Marka e FonteCindam. "Tereza Grossi não influenciou a decisão", disse.


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