São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007

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Câmara busca saída para manter mandatos

Líderes da base governista querem votar logo parte da reforma política que trata de fidelidade de filiação partidária

Para deputados, decisão do Tribunal Superior Eleitoral não pode retroagir e é um alerta sobre necessidade de definir claramente as regras


Sergio Lima/Folha Imagem
Deputada Jusmari Oliveira, que se filiou ontem ao PR, ao lado do líder do partido, Luciano Castro


LETÍCIA SANDER
FÁBIO ZANINI
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Líderes de partidos da base governista se articulam para tentar contornar a decisão tomada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e evitar que a exigência de fidelidade de filiação partidária seja retroativa.
Eles tendem a contar com o apoio do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que ontem admitiu que a Casa poderá votar uma lei que defina a situação dos parlamentares que trocaram de sigla.
"Se houver um acirramento, hipotético, de alguém que queira tomar o mandato de outro alguém, pode ou ir para o Judiciário ou pode provocar, aí sim, uma legislação nova para regularizar de maneira absolutamente clara [a questão]", disse.
No mês passado, o Congresso aprovou em tempo recorde uma alteração nas regras de distribuição do Fundo Partidário justamente depois que o Judiciário decidiu mudar a forma de partilhar estes recursos.
A base governista é a maior prejudicada com a decisão do TSE. Desde a eleição, os partidos que apóiam o governo ganharam adesões, enxugando as bancadas da oposição. O PR ganhou 16 deputados.
Em reunião com Chinaglia, os governistas defenderam apressar a votação de ao menos parte da reforma política, em discussão há quase dez anos.
"Não tenham dúvida de que as providências serão tomadas", disse o líder do governo na Câmara, José Múcio (PTB-PE), para quem a decisão do TSE foi uma interpretação, e não lei.
"A decisão do TSE reforça a necessidade de que tão logo saiamos do PAC votemos a reforma política. Se a decisão retroage, pode criar uma situação de crise", afirmou Henrique Fontana (PT-RS). "É um alerta para acelerarmos a reforma", disse José Genoino (PT-SP).
Os textos da reforma prontos para votação na Câmara tratam de quatro pontos, sendo um deles a fidelidade partidária. Os outros três são: financiamento público de campanhas, voto em listas fechadas e fim de coligações proporcionais.
"A fidelidade partidária é essencial para o Brasil nesse momento. Tem que ser votada imediatamente. Agora, fidelidade retroativa não tem como.
É daqui para a frente", defendeu Sandro Mabel (PR-GO). Apesar do impacto da decisão do TSE, o PR filiou ontem a deputada Jusmari Oliveira (BA), que deixou o ex-PFL. "Estou aqui respaldada pelos que verdadeiramente me deram o mandato, o povo da Bahia. Sei que talvez sofra as conseqüências desse ato, mas covardia é uma coisa que meu pai me ensinou a não ter", disse ela.
Uma das dificuldades de se apressar a votação da reforma política é que a pauta na Câmara está trancada por dez medidas provisórias e um projeto de lei, que têm prioridade.
No Senado, o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL)considerou a medida um "avanço", mas se disse preocupado com um possível "engessamento" dos parlamentares.


Colaborou FERNANDA KRAKOVICS, da Sucursal de Brasília

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