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Câmara busca saída para manter mandatos
Líderes da base governista querem votar logo parte da reforma política que trata de fidelidade de filiação partidária
Para deputados, decisão do Tribunal Superior Eleitoral não pode retroagir e é um
alerta sobre necessidade de definir claramente as regras
Sergio Lima/Folha Imagem
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Deputada Jusmari Oliveira, que se filiou ontem ao PR, ao lado do líder do partido, Luciano Castro |
LETÍCIA SANDER
FÁBIO ZANINI
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Líderes de partidos da base
governista se articulam para
tentar contornar a decisão tomada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e evitar que a exigência de fidelidade de filiação
partidária seja retroativa.
Eles tendem a contar com o
apoio do presidente da Câmara,
Arlindo Chinaglia (PT-SP), que
ontem admitiu que a Casa poderá votar uma lei que defina a
situação dos parlamentares
que trocaram de sigla.
"Se houver um acirramento,
hipotético, de alguém que queira tomar o mandato de outro
alguém, pode ou ir para o Judiciário ou pode provocar, aí sim,
uma legislação nova para regularizar de maneira absolutamente clara [a questão]", disse.
No mês passado, o Congresso
aprovou em tempo recorde
uma alteração nas regras de
distribuição do Fundo Partidário justamente depois que o Judiciário decidiu mudar a forma
de partilhar estes recursos.
A base governista é a maior
prejudicada com a decisão do
TSE. Desde a eleição, os partidos que apóiam o governo ganharam adesões, enxugando as
bancadas da oposição. O PR ganhou 16 deputados.
Em reunião com Chinaglia,
os governistas defenderam
apressar a votação de ao menos
parte da reforma política, em
discussão há quase dez anos.
"Não tenham dúvida de que
as providências serão tomadas", disse o líder do governo na
Câmara, José Múcio (PTB-PE),
para quem a decisão do TSE foi
uma interpretação, e não lei.
"A decisão do TSE reforça a
necessidade de que tão logo
saiamos do PAC votemos a reforma política. Se a decisão retroage, pode criar uma situação
de crise", afirmou Henrique
Fontana (PT-RS). "É um alerta
para acelerarmos a reforma",
disse José Genoino (PT-SP).
Os textos da reforma prontos
para votação na Câmara tratam
de quatro pontos, sendo um deles a fidelidade partidária. Os
outros três são: financiamento
público de campanhas, voto em
listas fechadas e fim de coligações proporcionais.
"A fidelidade partidária é essencial para o Brasil nesse momento. Tem que ser votada
imediatamente. Agora, fidelidade retroativa não tem como.
É daqui para a frente", defendeu Sandro Mabel (PR-GO).
Apesar do impacto da decisão do TSE, o PR filiou ontem a
deputada Jusmari Oliveira
(BA), que deixou o ex-PFL. "Estou aqui respaldada pelos que
verdadeiramente me deram o
mandato, o povo da Bahia. Sei
que talvez sofra as conseqüências desse ato, mas covardia é
uma coisa que meu pai me ensinou a não ter", disse ela.
Uma das dificuldades de se
apressar a votação da reforma
política é que a pauta na Câmara está trancada por dez medidas provisórias e um projeto de
lei, que têm prioridade.
No Senado, o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL)considerou a medida um "avanço",
mas se disse preocupado com
um possível "engessamento"
dos parlamentares.
Colaborou FERNANDA KRAKOVICS, da Sucursal de Brasília
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