|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Tinha muita arrumação"
Evelson de Freitas/Folha Imagem
|
Ribamar Chagas, 42, presidente de uma das cooperativas em Rosário (MA), dentro do galpão desativado da fábrica inaugurada por FHC em 96
|
do enviado especial
Ter o presidente Fernando
Henrique Cardoso às suas costas -mesmo sem dar dar palavra ou poder virar-se para
olhá-lo de frente- foi um momento de emoção na vida da
maranhense pobre Maria da
Conceição Costa Lima, 23, dois
filhos, desempregada.
Folha - Quanto você ganhou,
somando tudo?
Maria da Conceição Costa Lima - R$ 280. Por noves meses.
Folha - E no dia da visita?
Maria - Tinha que ficar costurando. Eu estava lá sentada
quando ele chegou. Eu não podia virar pra trás, nem falar. Eu
só fiz olhar ele. Eu já tinha treinamento. Já estávamos fazendo camisa, sim.
Folha - O que o presidente viu
lá - era verdadeiro?
Maria - Não era nada daquilo. Tinha muita arrumação.
Folha - Quanto tempo você ficou mais lá?
Maria - Ele falou muita coisa, e eu achava que ia pra frente. Aí começou a parar, não tinha tecido. Ele não queria dar o
suficiente que a gente precisava. Entrava um contra-cheque
de R$ 50 e duas cestas básicas.
A promessa era que ia melhorar. Passar pra produção mesmo, pra poder ganhar.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|