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QUESTÃO AGRÁRIA
Acusados de matar sem-terra estão presos
LUÍS INDRIUNAS
da Agência Folha, em Parauapebas (PA)
Dez dos onze
policiais militares suspeitos de
envolvimento
na morte de
dois líderes
sem-terra em
Parauapebas, sul do Pará, na última quinta, participaram do massacre de Eldorado dos Carajás, em
17 de abril de 1996, segundo o Ministério Público de Parauapebas.
O promotor de Justiça Godofredo Santos disse que os policiais,
do Batalhão de Parauapebas, foram identificados por testemunhas que estavam no local.
O comando da Polícia Militar de
Parauapebas prendeu os dez policiais, sob a acusação de indisciplina. Eles teriam acompanhado, na
quinta, a retirada dos sem-terra
que estavam na fazenda Goiás 2
sem ter recebido ordem superior.
Segundo o secretário de Segurança Pública do Pará, Paulo Sette
Câmara, os policiais estariam de
folga naquele dia. O comando da
corporação enviou-os ao quartel
de Xinguara, a 200 km de Parauapebas, para evitar conflitos. O
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) acusa fazendeiros, funcionários da fazenda Goiás 2 e policiais pelas mortes.
O procurador-geral de Defensoria Pública Ítalo de Almeida Mácula Jr. diz que há muita semelhança entre os fatos ocorridos na
quinta e a morte dos 19 sem-terra
em Eldorado do Carajás. "É possível que haja um movimento clandestino orquestrado por fazendeiros para combater os sem-terra."
A juíza Maria Vitória Torres do
Carmo pediu ontem a prisão provisória do fazendeiro José Marques Ferreira e mais oito pessoas,
todos foragidos. A polícia também
procura o fazendeiro Carlos Antônio da Silva, dono da Goiás 2.
Cerca de mil sem-terra, segundo
o MST, participaram ontem do
enterro do líder Onalício Araújo
Barros, o "Fusquinha". O corpo
do outro sem-terra, Valentin Serra, o "Doutor", seguiu para São
Luís (MA). De acordo com o MST,
os dois estavam entre os sobreviventes da chacina de Eldorado.
Foram ao enterro o senador
Eduardo Suplicy (PT-SP), os deputados federais Luiz Eduardo
Greenhalgh (PT-SP) e Geraldo
Pastana (PT-PA) e políticos locais.
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