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CAMPO MINADO
Presidente descarta hipótese de maquiagem
Para FHC, diferença no nš de assentados é técnica, e não erro
RENATA GIRALDI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso aceitou as explicações de seus subordinados sobre
o número de assentados ser inferior a 600 mil, conforme documento oficial do Ministério do
Desenvolvimento Agrário.
Na sua opinião, a divergência é
técnica. Por isso decidiu manter
nos discursos a afirmação de que
foi o "governo que mais promoveu a reforma agrária no país".
Já sabendo de uma série de reportagens que a Folha publicou
desde o último dia 21 sobre diferenças nos números referentes a
assentamentos, Raul Jungmann,
ex-ministro do Desenvolvimento
Agrário, e seu sucessor, José
Abrão, procuraram FHC há cerca
de duas semanas para tratar do
assunto.
FHC recebeu Jungmann e
Abrão em audiências separadas.
Ambos disseram que as dúvidas,
levantadas pela série de reportagens, foram provocadas pelas diferenças entre as expressões "famílias assentadas" e aquelas "efetivamente instaladas".
Segundo o ex-ministro e seu sucessor, a contagem de um terreno
como assentamento é realizada a
partir da aprovação do projeto e a
publicação de sua portaria no
"Diário Oficial" da União.
Após conversar com Jungmann
e Abrão, o presidente disse a assessores que se satisfez com as explicações. Para ele, a hipótese de
maquiagem de dados é totalmente descartada. Na sua opinião, se
houve alguma falha, foi de ordem
técnica, exatamente como disseram seus subordinados.
Em geral, em seus discursos,
FHC cita os números de famílias
assentadas. Sem esconder o orgulho, costuma afirmar que apenas
seu governo foi o responsável pela
maior reforma agrária já realizada
no país.
Conforme a situação, o presidente muda uma ou outra expressão para divulgar a promoção do
número de assentamentos no
país. Geralmente afirma que seu
governo redistribuiu 22 milhões
de hectares.
Apesar de as explicações satisfazerem ao presidente, a bancada
do PT na Câmara decidiu encaminhar representação ao Ministério
Público solicitando o ressarcimento dos valores que foram gastos com a chamada "propaganda
enganosa" com base no que afirmam ser números fictícios.
Prevendo que a acusação deverá
ser respondida, o assunto será tratado pela Advocacia Geral da
União. Em relação à solicitação da
Comissão de Agricultura da Câmara para que Abrão preste esclarecimentos sobre as divergências
referentes ao número de assentados, o Planalto dará o suporte necessário ao ministro.
Oficialmente, o Planalto disse
na semana passada que o Ministério do Desenvolvimento Agrário
trataria do assunto.
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