São Paulo, segunda-feira, 29 de abril de 2002

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CAMPO MINADO

Presidente descarta hipótese de maquiagem

Para FHC, diferença no nš de assentados é técnica, e não erro

RENATA GIRALDI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso aceitou as explicações de seus subordinados sobre o número de assentados ser inferior a 600 mil, conforme documento oficial do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Na sua opinião, a divergência é técnica. Por isso decidiu manter nos discursos a afirmação de que foi o "governo que mais promoveu a reforma agrária no país".
Já sabendo de uma série de reportagens que a Folha publicou desde o último dia 21 sobre diferenças nos números referentes a assentamentos, Raul Jungmann, ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, e seu sucessor, José Abrão, procuraram FHC há cerca de duas semanas para tratar do assunto.
FHC recebeu Jungmann e Abrão em audiências separadas. Ambos disseram que as dúvidas, levantadas pela série de reportagens, foram provocadas pelas diferenças entre as expressões "famílias assentadas" e aquelas "efetivamente instaladas".
Segundo o ex-ministro e seu sucessor, a contagem de um terreno como assentamento é realizada a partir da aprovação do projeto e a publicação de sua portaria no "Diário Oficial" da União.
Após conversar com Jungmann e Abrão, o presidente disse a assessores que se satisfez com as explicações. Para ele, a hipótese de maquiagem de dados é totalmente descartada. Na sua opinião, se houve alguma falha, foi de ordem técnica, exatamente como disseram seus subordinados.
Em geral, em seus discursos, FHC cita os números de famílias assentadas. Sem esconder o orgulho, costuma afirmar que apenas seu governo foi o responsável pela maior reforma agrária já realizada no país.
Conforme a situação, o presidente muda uma ou outra expressão para divulgar a promoção do número de assentamentos no país. Geralmente afirma que seu governo redistribuiu 22 milhões de hectares.
Apesar de as explicações satisfazerem ao presidente, a bancada do PT na Câmara decidiu encaminhar representação ao Ministério Público solicitando o ressarcimento dos valores que foram gastos com a chamada "propaganda enganosa" com base no que afirmam ser números fictícios.
Prevendo que a acusação deverá ser respondida, o assunto será tratado pela Advocacia Geral da União. Em relação à solicitação da Comissão de Agricultura da Câmara para que Abrão preste esclarecimentos sobre as divergências referentes ao número de assentados, o Planalto dará o suporte necessário ao ministro.
Oficialmente, o Planalto disse na semana passada que o Ministério do Desenvolvimento Agrário trataria do assunto.


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