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São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2003

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Dulci pede "evolução" e cita Marx

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) criticou ontem os petistas e outras pessoas da esquerda governista que combatem as propostas do Executivo, afirmando que eles não evoluíram com a história.
Dulci disse que não é possível dar respostas do século 19 a problemas do século 21 e afirmou que os "grandes líderes do socialismo" ficariam "perplexos" com as atitudes da "minoria da esquerda brasileira".
As declarações ocorreram durante palestra para empresários em Belo Horizonte, um dia depois que o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, e uma ala do PT se reuniram no Rio para criar uma frente contra as reformas tributária e da Previdência.
As críticas tiveram início quando o ministro discorria sobre os objetivos do governo Lula de recuperar a estabilidade econômica "perdida" para criar condições para a retomada do crescimento econômico "sólido e duradouro", sem que o PT tenha que deixar de ser um partido de esquerda.
"Evidentemente, nós não podemos dar respostas do século 19 a problemas do século 21. A esquerda também evolui. Aliás, uma das suas grandes capacidades é evoluir com a história", afirmou o ministro.
Tido no PT como um dos ideólogos do partido, Dulci é formado em Letras pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e foi professor de português em Belo Horizonte.

Marx
Dulci citou até Karl Marx (1818-1883) para criticar essas "minorias". "Marx, se fosse vivo -quem sou eu para fazer "ventriloquismo" de Marx-, provavelmente diria: dêem respostas à realidade de vocês no início do século 21 e não à nossa realidade de Manchester no século 19", disse.
O ministro citou duas vezes as disputas entre desenvolvimentistas e monetaristas no governo Fernando Henrique Cardoso para dizer que o governo Lula não fará da estabilidade "um fim em si mesma".
Segundo o ministro, o governo sempre soube que a sua "base social" e "político-eleitoral" reivindicaria mudanças imediatas, mas que a "responsabilidade de quem chega ao governo não é apenas de expressar os anseios das maiorias sociais, mas também de informar a sociedade sobre o que se passa".
Afirmou também que o governo não tomará medidas por "voluntarismo", porque seriam "demagógicas". Segundo ele, seria "contemporizar com expectativas que muitas vezes são superficiais".
"Não quero ser rotundo, mas a responsabilidade de quem está dirigindo uma entidade e que tem uma base não é fazer tudo aquilo que a base pede. Se eu acho que tem alguma coisa que é recomendável não fazer, tenho a obrigação de dizer", disse Dulci, assinalando que a avaliação do governo é de que as pré-condições para que o país volte a crescer "estão quase todas asseguradas".


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