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GOVERNO X PT
Senador diz que projeto contraria tudo o que foi pregado em 17 anos
Paim sugere que servidor se aposente rapidamente
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O senador petista Paulo Paim
(RS) recomendou ontem às pessoas com possibilidade de se aposentar que o façam já neste ano, em razão da reforma previdenciária a ser implementada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
"Quem está para se aposentar
neste ano que encaminhe os documentos. Para o ano que vem,
vou lutar para que não mudem as
regras. Se mudarem, que sejam de
transição e que não haja um prejuízo tão grande", afirmou.
"Toda vez que houve projetos
de reforma, eles foram ruins para
o trabalhador. Isso ocorre novamente agora. Não estou nada esperançoso com o que vejo", disse o senador, que critica especialmente a taxação de inativos, idéia
contra a qual sempre se debateu.
"Se eu estivesse em condições
de me aposentar, seja proporcionalmente ou de forma integral,
encaminharia minha aposentadoria neste ano."
Paim ficou conhecido por defender um salário mínimo de US$
100. Considerado um dos principais entendidos nas áreas trabalhista e previdenciária no Congresso, ele chegou a ser cotado para assumir algum ministério -do Trabalho ou da Previdência.
Quando o diretório regional do
PT elaborou uma lista de filiados
em condições de assumir cargos
em Brasília, ele pediu para ser
descartado, pois pretendia exercer o mandato de senador.
"Se eu fosse ministro, estaria fazendo tudo diferente. Tenho um
projeto pronto, com previsão de
aposentadoria integral e gestão
quadripartite. Continuo dizendo
que a Previdência não é deficitária. Se todos os recursos que por
ela são arrecadados ficassem com
ela, isso seria bem diferente", afirmou o senador.
Para melhorar a situação do caixa previdenciário, Paim defende
que nenhum funcionário público
ganhe mais do que o presidente
da República. "Sou coerente com
o que sempre disse. Não temo expulsão do partido. Atuo de acordo com a minha consciência.
Quero trabalhar e dialogar. Ajudei a eleger o presidente e acredito
neste governo, mas é importante
o respeito ao direito de expressão.
Quero o debate aprofundado, só
isso", afirmou.
Paim acusa o governo de "estar
contrariando tudo o que foi pregado durante 17 anos de Congresso, pelo menos na reforma previdenciária".
Corrida às aposentadorias
Temendo uma corrida às aposentadorias, o governo decidiu incluir na reforma da Previdência um dispositivo para estimular
servidores públicos que já podem
se aposentar a permanecer na atividade. A proposta de emenda
constitucional garantirá a isenção
da contribuição previdenciária
até 70 anos para funcionários que
continuarem trabalhando.
De acordo com estimativas do
ministério, cerca de 100 mil servidores públicos já cumpriram os
requisitos para a aposentadoria e
podem requerê-la.
O artigo 3º da Emenda 20 (reforma previdenciária do governo
Fernando Henrique Cardoso)
prevê a isenção de contribuição
para servidores públicos que,
apesar de já poderem se aposentar, permanecem na ativa até os
60 anos. O Ministério da Previdência propôs a elevação da idade
para 70 anos.
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