UOL

São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Berzoini admite dificuldade no PT

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em uma reunião de mais de cinco horas, o ministro Ricardo Berzoini (Previdência) tentou convencer ontem a bancada do PT na Câmara a apoiar pontos polêmicos da proposta do governo na reforma da Previdência. Depois do encontro, ele reconheceu que o governo precisará de mais tempo para isso. "Percebi que a maioria da bancada já está com uma grande simpatia pela proposta. Agora é uma questão de ajustar alguns posicionamentos e entender que as divergências são democráticas", afirmou.
Segundo o ministro, o governo terá tempo para conversar com a bancada para "formatar a opinião" dos congressistas do partido. "O objetivo dessa reunião não era convencer os parlamentares. Foi uma primeira conversa depois da apresentação formal da proposta. Temos um longo prazo para conversar com a bancada."
Berzoini criticou o fato de congressistas da ala radical do PT terem participado de um encontro no fim de semana com o presidente do PDT, Leonel Brizola. "Não aceitamos posicionamentos desleais. Parlamentares que articulam posições contra o governo é inaceitável", declarou.
A deputada Luciana Genro (RS), da ala radical do partido, disse que a reunião com Berzoini não foi produtiva. "Ele não veio disposto para um debate, veio defender a proposta fechada com os governadores", afirmou ela.
O presidente do PT, José Genoino, disse que o encontro de ontem foi apenas um dos vários que serão realizados com a bancada do partido para debater as reformas. "No final do mês que vem, haverá um seminário nacional em São Paulo, o que não faltará é debate."

Discurso
Para tentar vencer a resistência à reforma previdenciária no próprio PT, o governo mudou o discurso e passou a justificar a mudança nas regras de aposentadoria dos servidores públicos não mais pela necessidade de conter gastos públicos, mas como um meio de fazer justiça social.
Em dois textos distribuídos ontem aos 92 deputados petistas, o ministro Ricardo Berzoini atacou os principais argumentos contrários às mudanças. Num trecho, pergunta: "A reforma é uma exigência do FMI (Fundo Monetário Internacional)?". Ele mesmo responde que não, embora o compromisso de aprovar as mudanças venha sendo reiterado pelo Ministério da Fazenda às autoridades do Fundo.
O ministro insiste em que o país não vai quebrar se a reforma não for feita. Mas defende que, sem reforma, não haverá dinheiro público suficiente para programas sociais, por exemplo.
(JULIANNA SOFIA, FERNANDA KRAKOVICS E MARTA SALOMON)


Texto Anterior: Governo ameaça radicais com "gelo político"
Próximo Texto: Frase
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.