São Paulo, sábado, 29 de abril de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Presidente minimiza indiciamento do ex-ministro da Fazenda e faz crítica indireta a Geraldo Alckmin, que defende "choque de gestão"

Lula apóia Palocci e sugere "choque de inclusão"

MARCELO SALINAS
DA REDAÇÃO

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem uma defesa tímida do ex-ministro Antonio Palocci, a quem havia chamado de "grande irmão" logo após sua demissão da Fazenda. Para Lula, o fato de seu ex-auxiliar ter sido indiciado por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, formação de quadrilha e peculato não prova que ele é culpado ou inocente, "apenas que terá de se resolver no Judiciário".
"O indiciamento é o começo de um processo. É a tramitação normal de um país democrático. Temos instituições que funcionam, isto é, a Polícia Federal e o Ministério Público fazem a denúncia e você se defende no Judiciário."
Apesar de não admitir estar em campanha, Lula teve uma agenda de candidato ontem, em São Paulo. Visitou o "Feirão Caixa da Casa Própria", promovida pela Caixa Econômica Federal, inaugurou o depósito das Casas Bahia em São Bernardo do Campo e discursou no Encontro Nacional do PT.

"Choque de inclusão"
Durante a inauguração do depósito das Casas Bahia, Lula fez um discurso voltado para a classe pobre, estrato no qual se concentra a maioria do seu eleitorado, e ironizou a expressão "choque de gestão", recorrente nas declarações do pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin: "O que precisamos no Brasil é de um choque de inclusão social".
Em homenagem a Samuel Klein, 84, fundador da rede de lojas, Lula citou diversas vezes a empresa como modelo de gestão.
"O senhor [Klein] disse que queria que o Brasil fosse como as Casas Bahia, todo mundo feliz. Embora eu não seja presidente das Casas Bahia, mas presidente do Brasil, tenho que agradecer a parceria que o senhor fez com a parte pobre da população", disse Lula, que confessou o desejo que tinha de conhecer o empresário.
No discurso em que defendeu o "choque de inclusão social", Lula teve uma platéia dividida.
Em frente ao palco, cerca de 300 empresários assistiram de perto à fala. À esquerda, separados por uma barra de ferro e vestindo uniformes, cerca de 50 funcionários tentavam ver o presidente. A divisão foi mantida no almoço. As mesas dos funcionários e dos empresários ficaram separadas.
Lula não participou do almoço. Antes de ir embora, cumprimentou manifestantes do Sindicado do ABC e da CUT (Central Única dos Trabalhadores). O deputado federal Professor Luizinho (PT-SP), absolvido na Câmara por envolvimento no mensalão, acompanhou o presidente.

Mercadante
Lula participou dos eventos ao lado do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que disputa contra a ex-prefeita Marta Suplicy a indicação do partido nas eleições para o governo de São Paulo. Em público, o presidente costumava dizer que não tem preferência na disputa, mas ontem afirmou já ter um pré-candidato no Estado.
"Eu já tenho um candidato, mas como o voto é secreto...", disse o presidente, bem-humorado. Mercadante estava atrás de Lula. Questionado sobre se seu candidato estaria atrás dele, Lula sorriu e despediu-se dos jornalistas.
A prefeita e o senador têm trocado farpas nos últimos dias a respeito do apoio do presidente à pré-candidatura de Mercadante.


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