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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Presidente minimiza indiciamento do ex-ministro da Fazenda e faz crítica indireta a Geraldo Alckmin, que defende "choque de gestão"
Lula apóia Palocci e sugere "choque de inclusão"
MARCELO SALINAS
DA REDAÇÃO
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva fez ontem uma defesa tímida
do ex-ministro Antonio Palocci, a
quem havia chamado de "grande
irmão" logo após sua demissão da
Fazenda. Para Lula, o fato de seu
ex-auxiliar ter sido indiciado por
lavagem de dinheiro, falsidade
ideológica, formação de quadrilha e peculato não prova que ele é
culpado ou inocente, "apenas que
terá de se resolver no Judiciário".
"O indiciamento é o começo de
um processo. É a tramitação normal de um país democrático. Temos instituições que funcionam,
isto é, a Polícia Federal e o Ministério Público fazem a denúncia e
você se defende no Judiciário."
Apesar de não admitir estar em
campanha, Lula teve uma agenda
de candidato ontem, em São Paulo. Visitou o "Feirão Caixa da Casa Própria", promovida pela Caixa Econômica Federal, inaugurou
o depósito das Casas Bahia em
São Bernardo do Campo e discursou no Encontro Nacional do PT.
"Choque de inclusão"
Durante a inauguração do depósito das Casas Bahia, Lula fez
um discurso voltado para a classe
pobre, estrato no qual se concentra a maioria do seu eleitorado, e
ironizou a expressão "choque de
gestão", recorrente nas declarações do pré-candidato do PSDB à
Presidência, Geraldo Alckmin: "O
que precisamos no Brasil é de um
choque de inclusão social".
Em homenagem a Samuel
Klein, 84, fundador da rede de lojas, Lula citou diversas vezes a empresa como modelo de gestão.
"O senhor [Klein] disse que
queria que o Brasil fosse como as
Casas Bahia, todo mundo feliz.
Embora eu não seja presidente
das Casas Bahia, mas presidente
do Brasil, tenho que agradecer a
parceria que o senhor fez com a
parte pobre da população", disse
Lula, que confessou o desejo que
tinha de conhecer o empresário.
No discurso em que defendeu o
"choque de inclusão social", Lula
teve uma platéia dividida.
Em frente ao palco, cerca de 300
empresários assistiram de perto à
fala. À esquerda, separados por
uma barra de ferro e vestindo uniformes, cerca de 50 funcionários
tentavam ver o presidente. A divisão foi mantida no almoço. As
mesas dos funcionários e dos empresários ficaram separadas.
Lula não participou do almoço.
Antes de ir embora, cumprimentou manifestantes do Sindicado
do ABC e da CUT (Central Única
dos Trabalhadores). O deputado
federal Professor Luizinho (PT-SP), absolvido na Câmara por envolvimento no mensalão, acompanhou o presidente.
Mercadante
Lula participou dos eventos ao
lado do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que disputa contra
a ex-prefeita Marta Suplicy a indicação do partido nas eleições para
o governo de São Paulo. Em público, o presidente costumava dizer que não tem preferência na
disputa, mas ontem afirmou já ter
um pré-candidato no Estado.
"Eu já tenho um candidato, mas
como o voto é secreto...", disse o
presidente, bem-humorado. Mercadante estava atrás de Lula.
Questionado sobre se seu candidato estaria atrás dele, Lula sorriu
e despediu-se dos jornalistas.
A prefeita e o senador têm trocado farpas nos últimos dias a respeito do apoio do presidente à
pré-candidatura de Mercadante.
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