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PERÍCIA
Sanguinetti afirma que Paulo César Farias e Suzana Marcolino foram assassinados por um profissional
Legista contesta 13 pontos de laudo oficial
da Reportagem Local
Parecer técnico do legista
George Sanguinetti sobre a
morte do empresário Paulo
César Farias e de
sua namorada
Suzana Marcolino contesta pelo
menos 13 pontos (veja texto abaixo) do laudo apresentado por Fortunato Badan Palhares, o perito indicado pela polícia para analisar o
caso.
Sanguinetti, que veio a São Paulo
para o lançamento de um livro sobre sua versão do crime, foi chamado pelo Ministério Público e
pelo juiz do caso, Alberto Jorge
Correa de Barros Lima, para elaborar uma "manifestação técnica" sobre as mortes.
O legista reafirma que tanto PC
quanto Suzana foram assassinados. Em sua opinião, a hipótese de
suicídio da namorada do empresário, tese de Palhares, fica descartada pela distância do tiro que a matou -20 cm. "Alguém que se mata encosta a arma no peito."
Outro indício da presença de um
assassino na casa, segundo o legista, são marcas no corpo de Suzana
que demonstram que houve violência antes da morte.
Seu parecer indica um calombo
na testa, inchaços no olho direito,
manchas roxas nos braços e perna
esquerda e sangramento profundo
no pescoço. O laudo oficial nega a
existência de ferimentos.
De acordo com Sanguinetti, o
empresário foi morto pelo que
chamou de "máfia de Alagoas".
"Não acredito no envolvimento
de PC com drogas. Ele foi morto
porque sabia demais e com a cumplicidade das pessoas que fazem a
segurança do Estado (de Alagoas)", disse Sanguinetti.
"A morte do homem dos 30%
propicia tranquilidade a empreiteiros e políticos. Até pessoas que
moram em Miami dormem mais
sossegadas", disse.
O ex-presidente Fernando Collor
de Mello, de quem PC foi tesoureiro durante a campanha eleitoral,
mora em Miami (EUA).
O legista reclamou ainda do desaparecimento de órgãos do empresário e de Suzana. Segundo ele,
a análise do hióide (osso do pescoço) da namorada de PC foi feita
por fotos e filmes da exumação.
Ele não teve acesso também ao
coração e pulmão de PC, que, segundo Sanguinetti, teriam sido enterrados com o empresário.
O documento, que servirá de base para que a Justiça decida sobre
necessidade de nova perícia, foi
entregue ontem pela manhã ao
juiz encarregado do caso.
"O laudo oficial é ficção. Não sei
que pressão sofreu Badan. Mas a
grande fraude não está no laudo,
está no inquérito policial. Houve
cumplicidade entre interrogados e
interrogadores", disse.
Depoimentos
Depois de analisar os depoimentos das principais testemunhas sobre a morte de PC Farias e Suzana
Marcolino, o legista George Sanguinetti afirmou que quatro delas
deveriam ser ouvidas novamente.
De acordo com ele, o deputado
Augusto Farias (PPB-AL), irmão
de PC, Zélia Maria Maciel, prima
de Suzana, e os seguranças Flávio
Almeida da Silva Júnior e Reinaldo
da Silva Lima mentiram.
"O inquérito trata mais de encobrir do que de esclarecer, e os Farias não querem novas investigações, não querem esclarecer o caso", disse.
O legista afirmou que os seguranças foram cúmplices do crime e
que Zélia caiu em contradição.
A família de PC evitou ontem fazer comentários sobre as declarações. O deputado não retornou as
ligações da Agência Folha.
O delegado Cícero Torres, responsável pelo inquérito que apurou as mortes, afirmou que mantém sua tese de crime passional.
``Ele continua com suposições.
A investigação foi acompanhada
pela Polícia Federal e pelo Ministério Público federal e estadual.''
O juiz do caso, Alberto Correa,
afirmou que em dois dias o laudo
entregue ontem por Sanguinetti
no Fórum de Maceió (AL) será remetido para a promotora Failde
Mendonça.
A promotora disse que vai recorrer a um terceiro legista. Segundo
ela, as declarações de Sanguinetti
``não serão levadas em conta''.
Em nota à imprensa, o legista
Fortunato Badan Palhares afirma
que as afirmações de Sanguinetti
"deixam entrever que se baseiam
em suposições".
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