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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Novas regras devem limitar gastos do próximo presidente
Governo já gastou 78,5% da verba de propaganda de 2002
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em pouco mais de quatro meses, o governo já gastou 78,5% de
toda a verba prevista para atividades de comunicação no Orçamento da União do ano eleitoral
de 2002. Foram R$ 115,5 milhões,
um pouco mais de R$ 840 mil ao
dia até 17 de maio passado, sem
contar as estatais.
Os números repetem uma tendência de aumento nos gastos da
propaganda oficial, que se acentuou a partir de 2000, mas que pode ser revertida no próximo governo, seja ele qual for, graças a
um acordo a ser assinado hoje entre o Palácio do Planalto e o mercado publicitário.
Pelo governo, assinarão o presidente Fernando Henrique Cardoso e o secretário de Comunicação,
João Roberto Vieira da Costa.
O mercado será representado
pelo presidente do Conselho Executivo das Normas-Padrão da
Atividade Publicitária, Petrônio
Correa.
Gasto disfarçado
Atualmente, a propaganda governamental é uma caixa-preta.
Em 2000, por exemplo, o governo
gastou 151% a mais em propaganda e publicidade do que autorizara o Orçamento; no ano seguinte,
o gasto foi 141,3% superior. Motivo: o governo fez gastos disfarçados, lançando mão de recursos de
outros programas.
Para este ano, o Orçamento prevê um gasto de R$ 147,1 milhões
com comunicação. Mas R$ 115,5
milhões já saíram dos cofres do
governo para propaganda. Gastos
disfarçados, além de restos a pagar do exercício anterior, explicariam porque quase toda a verba já
foi consumida. Mas isso não é visível no Orçamento.
É provável que a conta do período -de janeiro a 17 de maio-
seja bem maior: nela não está
computado o custo da campanha
"Brasil, 8 anos construindo o futuro", que une os discursos de
Fernando Henrique Cardoso e do
pré-candidato tucano à Presidência, José Serra.
O governo manterá a campanha, que deve custar mais de R$
90 milhões, até 5 de julho. Por
causa da Lei Eleitoral, a partir dessa data, o Planalto estará proibido
de fazer propaganda até 27 de outubro, com uma exceção: as de
utilidade pública.
Mas a perspectiva é que o governo feche o ano com um gasto superior aos R$ 300,7 milhões do
ano passado, um recorde - FHC
gastou mais de R$ 111 milhões só
em dezembro de 2001. Nos quatro
anos de seu segundo mandato, o
presidente já consumiu R$ 985,3
milhões em propaganda.
Acordo
Pelo acordo, o mercado se compromete a dar descontos especiais
para as campanhas de utilidade
pública do governo. Em troca, o
Planalto se compromete a distinguir claramente no Orçamento o
que é propaganda do governo do
que é, por exemplo, uma campanha de vacinação.
"É uma medida boa, mas está
atrasada", diz o líder do PT na Câmara, João Paulo (SP), se referindo ao fato de que o presidente
Fernando Henrique Cardoso deixou para adotá-la no fim do mandato. O acordo só valerá para o
sucessor do presidente.
No Orçamento do próximo
ano, a publicidade oficial será discriminada de quatro maneiras:
mercadológica, legal, institucional e de utilidade pública.
A primeira é empregada por estatais, como o Banco do Brasil
quando anuncia um novo produto. Editais e balanços, entre outros, a publicidade legal.
A institucional é a propaganda
do governo propriamente dita,
como a campanha "8 anos construindo o futuro". Campanhas de
prevenção de acidentes de trânsito, Aids ou vacinação são as de
utilidade pública.
Nos termos do acordo, o governo não poderá confundir os dois
tipos de publicidade. Exemplo:
assinar com um slogan qualquer
campanha de prevenção de câncer de mama.
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