São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 2002

Texto Anterior | Índice

EVENTO

Especialistas dizem que despesas com combate à pobreza devem ser repensadas

Para técnicos, falta foco a gasto social

DA REPORTAGEM LOCAL

O governo precisa redirecionar os gastos sociais para tornar os programas de combate à pobreza mais eficazes. Essa foi a principal conclusão dos debatedores que participaram ontem do seminário "Combate à fome e à pobreza", realizado pela Folha em parceria com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Na avaliação do economista José Marcio de Camargo, da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio, os gastos sociais do governo concentram-se demasiadamente na população adulta e idosa, em detrimento das crianças. "O governo brasileiro gasta relativamente mais com aposentadorias do que a maioria dos países desenvolvidos", diz.
Segundo ele, como o governo tem restrições orçamentárias, não é possível aumentar gastos, mas redirecioná-los. "Temos que lembrar que apenas 10% dos idosos estão nas famílias mais pobres enquanto 50% das crianças vivem em famílias pobres." Camargo avalia que os gastos com adultos e idosos não resolvem o problema da pobreza e que a falta de gastos com crianças o perpetua. "Temos que fazer tudo o que for possível para mantê-las na escola."
Ricardo Paes de Barros, pesquisador do Ipea, concorda com Camargo na avaliação de que o governo gasta mal as verbas sociais. O economista, que já chegou a afirmar que, se o governo jogasse o dinheiro dos gastos sociais de helicóptero, o gastaria de forma mais eficaz, sustentou que o problema da fome é menor do que sugerem os dados sobre renda da população brasileira.
Segundo ele, isso ocorre porque em algumas localidades há um sistema de proteção e solidariedade social informal que fornece alimentação adequada à população, na forma de doações, ajuda da família, ONGs. "Não existe um levantamento de como funciona essa rede informal. Mas precisamos descobrir [como funciona" para que o governo encontre meios de [por meio de políticas sociais" fortalecê-la", afirma.
Wanda Engel, secretária nacional de Assistência Social e coordenadora dos programas sociais do governo, defendeu a descentralização dos programas de proteção social. Ela disse que os programas devem cobrir a população em condições de extrema pobreza de todas as faixas etárias, mas que eles devem estar condicionados a metas predefinidas.



Texto Anterior: Tão Longe, Tão Perto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.