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EVENTO
Especialistas dizem que despesas com combate à pobreza devem ser repensadas
Para técnicos, falta foco a gasto social
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo precisa redirecionar os
gastos sociais para
tornar os programas de combate à
pobreza mais eficazes. Essa foi a principal conclusão
dos debatedores que participaram ontem do seminário "Combate à fome e à pobreza", realizado pela Folha em parceria com o
Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Na avaliação do economista José Marcio de Camargo, da PUC
(Pontifícia Universidade Católica) do Rio, os gastos sociais do governo concentram-se demasiadamente na população adulta e idosa, em detrimento das crianças.
"O governo brasileiro gasta relativamente mais com aposentadorias do que a maioria dos países
desenvolvidos", diz.
Segundo ele, como o governo
tem restrições orçamentárias, não
é possível aumentar gastos, mas
redirecioná-los. "Temos que lembrar que apenas 10% dos idosos
estão nas famílias mais pobres enquanto 50% das crianças vivem
em famílias pobres." Camargo
avalia que os gastos com adultos e
idosos não resolvem o problema
da pobreza e que a falta de gastos
com crianças o perpetua. "Temos
que fazer tudo o que for possível
para mantê-las na escola."
Ricardo Paes de Barros, pesquisador do Ipea, concorda com Camargo na avaliação de que o governo gasta mal as verbas sociais.
O economista, que já chegou a
afirmar que, se o governo jogasse
o dinheiro dos gastos sociais de
helicóptero, o gastaria de forma
mais eficaz, sustentou que o problema da fome é menor do que
sugerem os dados sobre renda da
população brasileira.
Segundo ele, isso ocorre porque
em algumas localidades há um
sistema de proteção e solidariedade social informal que fornece alimentação adequada à população,
na forma de doações, ajuda da família, ONGs. "Não existe um levantamento de como funciona essa rede informal. Mas precisamos
descobrir [como funciona" para
que o governo encontre meios de
[por meio de políticas sociais" fortalecê-la", afirma.
Wanda Engel, secretária nacional de Assistência Social e coordenadora dos programas sociais do
governo, defendeu a descentralização dos programas de proteção
social. Ela disse que os programas
devem cobrir a população em
condições de extrema pobreza de
todas as faixas etárias, mas que
eles devem estar condicionados a
metas predefinidas.
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