São Paulo, sábado, 29 de junho de 2002

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Ministro nomeará um "ombudsman" para a PF

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior, nomeará um "ombudsman", ou ouvidor, para receber e acompanhar eventuais queixas contra irregularidades de delegados e agentes da Polícia Federal durante a campanha eleitoral.
A criação do cargo será feita por portaria ministerial na próxima semana e significa que o governo federal sentiu o golpe e decidiu reagir às denúncias do PT de que a PF está sendo usada para devassar a vida de opositores políticos.
"A criação do "ombudsman" é para mostrar definitivamente a lisura e a isenção política da PF. Se alguém quiser fazer algo irregular, vai saber que não está agradando", disse Reale Jr. à Folha.
Ele estava em São Paulo ontem, quando foi chamado a Brasília pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para discutir a "força-tarefa" de combate ao crime no Rio. A nomeação do "ombudsman" foi acertada pelos dois. Segundo o ministro, o escolhido será de fora da PF: "Alguém da área jurídica".
O general Alberto Cardoso, chefe da Secretaria de Segurança Institucional da Presidência, endossou a posição do governo de que não houve inquérito, muito menos gravações do presidenciável do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar de o PT achar que Lula foi grampeado e teve sua vida pessoal e financeira devassada durante o ano e meio em que corria o procedimento policial contra ele, Cardoso e Reale Jr. dizem o contrário. "Pelo que o Itanor [Neves, diretor-geral da PF" me falou, não houve nada disso. Houve apenas um procedimento preliminar, sem consequências", disse Cardoso à Folha.
Reale Jr. acrescentou: "Se era para grampear ilegalmente, não precisava de procedimento nenhum. O procedimento seria até uma idiotice". O ministro também afirmou que, ao contrário do que diz o denunciante original, Fernando Tenório Cavalcanti, a documentação que ele entregou à PF cita Lula, sim, inclusive indicando ligação dele com uma empresa em São Paulo.
"Mas o único ato investigatório que ocorreu foi uma tentativa de ouvir o próprio Tenório."



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