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Palocci reage para acalmar oposição
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, iniciou ontem uma
contra-ofensiva do governo usando instrumentos econômicos para reduzir a fragilidade política
decorrente do escândalo do suposto "mensalão".
Palocci decidiu dar a reposição
salarial aos militares e tentou acalmar os ânimos dos senadores
oposicionistas prometendo verbas para a conclusão das obras do
metrô de quatro capitais. Também visitou o deputado José Dirceu, numa espécie de trégua.
A intenção é isolar a CPI dos
Correios e as denúncias de corrupção e destacar as ações objetivas de governo, reduzindo as
frentes de oposição.
Com a saída de Dirceu, a Casa
Civil passa a ser basicamente administrativa com Dilma Rousseff,
enquanto Palocci assume funções
também políticas, ao lado do deputado petista e ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
Apesar de ter se digladiado com
Palocci, Dirceu mudou de tom:
"Nós somos muito amigos. Podem até haver divergências, mas
eu gosto muito do Palocci".
Para os senadores
Palocci se reuniu com senadores oposicionistas que ameaçavam obstruir a pauta de votação
do Congresso caso o governo não
renovasse o empréstimo com o
Bird (Banco Mundial) para concluir o metrô em Belo Horizonte,
Fortaleza, Recife e Salvador.
Apesar de três delas serem administradas pelo PT e só uma pelo
PDT (Salvador), as obras são de
interesse dos Estados, todos governados pela oposição.
Palocci cedeu às pressões e divulgou que vai incluir as obras no
projeto-piloto, cujas verbas não
estão submetidas ao contingenciamento e às metas do superávit
primário -o quanto se economiza para pagar juros da dívida.
Na semana passada, em Salvador, o ministro Olívio Dutra (Cidades) havia anunciado que o governo não renovaria o acordo de
empréstimo. Para mantê-lo, a
União precisava dar uma contrapartida ao Bird, mas a Fazenda
alegava não haver recursos. Ontem, relaxou essa posição.
"O país precisa dos projetos para fazer investimentos em infra-estrutura", disse o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Para o senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA), a promessa
de Palocci "é válida", com uma
ressalva: "Tenho medo porque o
governo já fez várias promessas
que não foram cumpridas. Mas o
ministro Palocci é um pouco diferente". ACM disse que a eventual
liberação de recursos não impedirá a apuração das denúncias.
Para os militares
Palocci se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
com Paulo Bernardo e com o vice-presidente e ministro da Defesa,
José Alencar, para discutir a questão dos militares. Lula tem dito
que está "muito preocupado"
com o não atendimento das reivindicações salariais da categoria.
A folha de pagamentos dos militares é em torno de R$ 22 bilhões.
No ano passado, o governo concedeu reajuste de 10%, prometendo que liberaria uma segunda
parte no primeiro trimestre deste
ano. A expectativa era de uma
parcela de 23%, mas a Defesa e a
área econômica vinham desmentindo o acordo fechado pelo ex-ministro da Defesa José Viegas.
O mais provável é que os 23%
sejam divididos em três parcelas.
A questão será discutida até sexta
com os comandantes do Exército,
da Marinha e da Aeronáutica, já
com o aval de Palocci.
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