São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 2002

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CAMPANHA

"Confio no Paulinho", afirmou o candidato sobre seu vice, acusado de usar um "laranja" para comprar um sítio

Depois de Martinez, Ciro defende Paulinho

Jarbas Oliveira/Folha Imagem
Ciro, Patrícia Pillar e o cantor Bel, do Chiclete com Banana, participam de micareta em Fortaleza


KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Depois de passar duas semanas defendendo de acusações o coordenador de sua campanha, José Carlos Martinez (PTB), o presidenciável Ciro Gomes teve de estender o apoio ao seu vice, Paulo Pereira da Silva (PTB).
Paulinho, como é conhecido o ex-presidente da Força Sindical, vinha sendo acusado de uso irregular de verbas do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Na edição deste fim de semana da revista ""Época", é apontado um suposto superfaturamento de pelo menos R$ 1 milhão na venda de uma fazenda para trabalhadores pelo programa Banco da Terra. Parte do dinheiro teria ido para a Força. Também é apontado o uso, por parte de Paulinho, de um ""laranja" para comprar um sítio.
"Eu confio no Paulinho, eu sei que ele está sendo vítima disso", afirmou Ciro em Fortaleza.
"Fazia parte da nossa estratégia: nós vamos crescer e quando a gente crescer os setores a serviço da plutocracia, da propaganda do governo, dos arreganhos do sistema financeiro internacional vão tentar agredir, atacar, levantar calúnia", disse o candidato.
Sobre a possibilidade do afastamento de Martinez, que, conforme a Folha revelou, contraiu um empréstimo com Paulo César Farias, ex-tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Mello à Presidência, Ciro a negou.
Disse ainda que a defesa do afastamento de Martinez da campanha, promovida pelo presidente nacional do PPS, Roberto Freire, não teria ocorrido. ""Não, isso quem deu foi a Folha de S. Paulo", disse.
Ontem Freire reafirmou à Folha ter dito a Ciro que Martinez deve se afastar da campanha. "Talvez ele [Ciro" não tenha percebido que eu falei que Martinez deve se afastar", afirmou.
"Provavelmente, Ciro não deve ter fixado -em razão dos compromissos de campanha- o que eu disse para ele", completou o senador do PPS.
Apesar das negativas, Ciro declarou que "comigo é o seguinte: quem for podre que se arrebente, sempre foi assim".
Na entrevista, Ciro foi claro ao dizer que aceitaria financiamento de bancos para a sua campanha, algo que teria renegado antes. "Todos os brasileiros empreendedores, de qualquer setor, estarão disponíveis a colaborar se concordarem com o nosso programa. Não discrimino este nem aquele."
O coordenador da área econômica do programa de governo de Ciro, Mauro Benevides Filho (PPS), aproveitou a entrevista para amenizar as críticas de Ciro às metas de inflação. ""Não é isso [que Ciro seja contra". Apenas vamos aliar ao sistema de metas de inflação o sistema de metas de emprego", afirmou. Ciro havia dito que o sistema de metas era o pior meio de combater a inflação.

Almoço com Tasso
A Folha apurou que Ciro almoçou ontem com seu padrinho político, Tasso Jereissati (PSDB). Pela manhã, Ciro negou que fosse se encontrar com Tasso. Em seguida, porém, quando foi embora com seu irmão Cid Gomes (PPS), prefeito de Sobral, que dirigia o carro, seguiu a caminho da casa de Tasso, exatamente o sentido oposto de seu apartamento, do outro lado da cidade -Tasso vive no bairro de Dunas, enquanto Ciro reside na praia de Iracema.
O carro de Ciro chegou a entrar na rua da casa de Tasso. Ao notar a presença da reportagem, desviou. O candidato só chegou a seu apartamento uma hora e meia após despistar os repórteres.

Colaborou a Sucursal de Brasília


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