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POLÍTICA REGIONAL
No evento de recriação da superintendência, Lula evita prometer aos Estados administração de parte das verbas
Fundo da Sudene foge das mãos dos Estados
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
DA ENVIADA ESPECIAL A FORTALEZA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva conseguiu desarticular mais
uma movimentação dos governadores do Nordeste, que pretendiam reivindicar, em reunião ontem em Fortaleza, a administração de parte dos recursos a serem
geridos pela nova Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), extinta em 2001 e
recriada por meio de projeto de lei
complementar.
Do R$ 1,9 bilhão que deverá ser
destinado à estatal em seu primeiro ano de recriação, os governadores queriam ter o controle direto sobre R$ 780 milhões. Essa parcela representa a cota prevista para a região com a futura criação
do FNDR (Fundo Nacional de
Desenvolvimento Regional).
Lula afirmou aos governadores
que a reivindicação dos chefes de
Estado era "extemporânea" porque o fundo, a ser formado com a
destinação de 2% do Imposto de
Renda e do Imposto Sobre Serviços, ainda não foi criado.
Avisou que a discussão não
avançaria na reunião e que o dia
era de boas notícias. "Não vamos
fazer disso uma guerra", disse o
governador de Alagoas, Ronaldo
Lessa (PSB), principal defensor da
proposta de controle dos recursos
do fundo pelos Estados. ""Entrei
disposto a brigar, mas saí desarmado", afirmou.
Na reunião, Lula detalhou o
funcionamento da nova Sudene,
anunciou a participação do governo nos programas estaduais de
distribuição de leite e o início das
negociações para a obtenção de
recursos para a transposição das
águas do rio São Francisco, obra
avaliada em US$ 6 bilhões.
Com seu discurso, o presidente
evitou também questionamentos
do governador do Maranhão, José Reinaldo Tavares (PFL), que
antes do encontro disse que não
aceitaria que seu Estado deixasse
de ser atendido tanto pela Sudene
quanto pela Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da
Amazônia, a ser recriada), como
havia anunciado o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes.
Fraudes
Em seu discurso na solenidade
de recriação da Sudene, Ciro disse
que cumpriu a determinação do
presidente, de tornar ""invulnerável" às fraudes os mecanismos de
financiamento do órgão.
Segundo ele, haverá uma divisão de responsabilidades, e os riscos terão de ser assumidos pelos
agentes operadores, que serão
obrigados a devolver o dinheiro à
Sudene em caso de fraude.
Para obter os incentivos, afirmou, as empresas terão de garantir participação dos trabalhadores
nos resultados da empresa e a sustentabilidade ambiental.
A taxa de juros para os grandes
investidores será de 80% da TJLP
(Taxa de Juros de Longo Prazo).
As microempresas terão um desconto de 25% no caso de pagamento em dia, declarou. Isenção
total do IR também é prevista.
Participaram do evento os governadores de AL, CE, ES, BA,
MA, PB, SE, RN e MG, além de representantes dos PI e de PE.
Idealizada no final da década de
1950 pelo economista Celso Furtado, a Sudene foi extinta em 2001
pelo então presidente Fernando
Henrique Cardoso em meio a denúncias de fraude e corrupção
-o rombo estimado era de R$ 2,2
bilhões em 500 projetos. Sua recriação foi uma das promessas de
campanha de Lula. Com a extinção da Sudene, foi criada uma
agência de desenvolvimento em
seu lugar, que nunca funcionou.
Segundo Ciro, o governo necessitará de 90 a 120 dias para promover concurso e instalar a nova
equipe técnica, que deverá ser
composta por 200 funcionários.
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