São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2004

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TODA MÍDIA

Pelo mercado

Nelson de Sá

No UOL News, "mercado absorve bem a demissão de diretor do Banco Central". Ou ainda, "mercado se acalma". No "Valor", "troca foi comprada como positiva no mercado".
No "Financial Times", "o episódio teve pouco impacto no mercado, com analistas avaliando que a política monetária seguirá nas mesmas linhas".
Em suma, no registro da Folha Online, "o governo agiu rápido" -apesar de o demissionário Luiz Augusto Candiota garantir que a decisão foi dele, só dele. A rigor, só a Globo acreditou na versão oficial, à tarde:
- Governo tentou demovê-lo e ele alegou motivos pessoais.
O Jornal Nacional deu a mesma versão pela voz do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. E citou Lula, para quem a demissão foi coisa de "rotina".
O presidente, como quem não quer nada, aproveitou para "reiterar sua confiança" em Henrique Meirelles.
 
Candiota saiu se dizendo "vítima", como mostraram os canais de notícias, da "libertinagem de imprensa".
De sua parte, o site do PSDB saiu em defesa das fontes da denúncia contra Candiota, vale dizer, da CPI do tucano onipresente Antero Paes de Barros e seu desafeto, o petista José Mentor.
Era o destaque da Agência Tucana ontem, "tucanos defendem atuação da CPI do Banestado", enquanto os líderes da legenda no Congresso seguiam no ataque.
Agora desviando o alvo para Henrique Meirelles.
 
Nos telejornais, foi um dia de altos funcionários ao microfone, tensos e na defensiva, e do avanço da oposição tucano-pefelista. Mas não faltou fogo amigo, ao menos na Globo On Line, que destacou o vice:
- José Alencar se exime de defender Henrique Meirelles.
Na declaração do vice, "a primeira pessoa que deve saber se isso respinga ou não [em Meirelles] é ele próprio".

O CHOQUE

Fox News/Reprodução
Michael Moore, à esq., cumprimenta O'Reilly, à dir.


O cineasta Michael Moore, de "Fahrenheit 11 de Setembro", foi a primeira voz liberal a surgir com poder midiático para enfrentar as vozes conservadoras nos EUA. E os conservadores sabem disso.
O embate entre Moore e o âncora Bill O'Reilly, da Fox News, anteontem, foi até aqui o momento de maior tensão na modorrenta convenção democrata. O'Reilly chegou a chamar Moore de "maior defensor [de Saddam Hussein] na mídia". De sua parte, Moore disse que O'Reilly não teria coragem de "sacrificar seu filho" no Iraque, como fez Bush com 900 jovens americanos. E repetiu à exaustão que "Bush mentiu".
O âncora conseguiu a entrevista correndo pelas ruas: estava no carro, viu Moore e saiu aos gritos. No final do embate, após ouvir do cineasta que não deseja sua "morte", O'Reilly disse: "Eu gosto desse Michael Moore".

Soldado Kerry
Hollywood parece estar toda com John Kerry. A Fox News dizia ontem que o produtor Steve Jobs, do estúdio Pixar, está na equipe que escreve a plataforma democrata.
Mas ontem era Steven Spielberg, do estúdio DreamWorks, que repercutia mais. Segundo a "Variety" e o "New York Observer", ele escolheu o diretor e "influenciou" o documentário sobre Kerry que será mostrado hoje na convenção.
Dizem que lembra "O Resgate do Soldado Ryan".

"Cidade 2"
A mesma "Variety" noticiava ontem que o cinema brasileiro, afinal, abraçou as seqüências: como um "Homem-Aranha" da vida, o sucesso "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, terá sua parte 2.
O nome é outro, "Cidade dos Homens", como na série que Meirelles produziu na Globo. O diretor também é outro.

Original
Quanto ao autor do livro que originou tudo, Paulo Lins, ele segue escrevendo "O Plano de Marlon", o seu novo romance -e não uma seqüência- sobre a violência no Rio.

Desgaste
Na segurança do Rio, o secretário Garotinho surgiu no Jornal da Record para anunciar, com a fisionomia desgastada, mudanças na Polícia Militar.
Segundo o JN, "as mudanças foram motivadas por sucessivas denúncias de crimes envolvendo policiais". Segundo o jornal Hoje, um em cada quatro é "investigado por crimes cometidos só neste ano".

O maior avanço
Em contraponto, a mesma Globo deu reportagem, no Bom Dia Brasil, sobre a força federal que começa a ser treinada nas próximas semanas -e fez longa entrevista com o ministro Márcio Thomaz Bastos.
Destaque para a campanha do desarmamento, que segundo a emissora é "considerada o maior avanço" do plano federal de segurança.

Chegou
Globo, rádios e sites acompanharam ontem o desembarque do novo embaixador americano. Da televisão:
- Em português, ele disse que está ansioso para conhecer o país, o povo, a cultura. E que fará o possível para estreitar as relações entre Brasil e EUA.


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