|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sindicalistas apóiam jornada menor
DA REPORTAGEM LOCAL
Os presidentes das duas maiores centrais sindicais do país, a
Força Sindical e a CUT (Central
Única dos Trabalhadores), disseram ontem que apóiam a idéia de
reduzir a jornada de trabalho sem
redução de salário, que consta do
Plano Plurianual do governo.
"Não há dúvidas de que a medida pode gerar milhões de postos
de trabalho no país", disse Paulo
Pereira da Silva, o Paulinho, em
nota divulgada pela Força Sindical. Ele argumenta que a proposta
propiciaria o aumento do consumo, estimulando, consequentemente, o crescimento econômico.
Paulinho defendeu, no entanto,
que a medida seja acompanhada
de incentivos fiscais para as empresas que adotem o procedimento. Segundo ele, sem os incentivos as empresas podem perder competitividade e pode haver
"um efeito social devastador".
O Sindicato dos Metalúrgicos
de São Paulo, Mogi e Região -filiado à Força- vai na mesma linha: "Junto com a redução da jornada, o sindicato defende que as
empresas tenham como contrapartida a redução da carga fiscal".
A Força e o sindicato afirmam
que a redução da jornada é uma
reivindicação antiga deles.
O presidente da CUT, Luiz Marinho, afirmou que agora "é o momento ideal [para reduzir a jornada]. Podemos discutir agora e implementar no ano que vem". Ele
disse que os empresários sempre
reclamaram da medida, lembrando que em 1998 já houve uma redução na jornada. "Quebrou alguma empresa? Alguém morreu?
É economicamente suportável e
totalmente justo", diz.
Segundo Marinho, com a redução da jornada de trabalho podem ser criados até 3,5 milhões de
empregos, 1,5 milhão a mais do
que prevê o governo.
Júlio de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos
para o Desenvolvimento Industrial) sustenta que é difícil determinar o efeito da medida. "O que
é instintivamente razoável nem
sempre acontece. Redução de jornada e aumento de postos de trabalho não têm uma relação linear", avalia.
Para Almeida, a experiência de
outros países, como a França, que
instituiu uma jornada de 35 horas
semanais, ainda é pouco expressiva para servir de referência.
O ministro do Trabalho, Jaques
Wagner, disse que não há nenhuma proposta do governo para reduzir a jornada. O que houve, segundo ele, foi uma hipótese proposta pelo ministro Guido Mantega (Planejamento). "Já deixei
claro que é o Fórum Nacional do
Trabalho que vai decidir", disse.
Wagner destacou, no entanto,
que a da diminuição da jornada é
uma "discussão mundial" e que
em várias empresas os trabalhadores já cumprem 40 horas semanais.
Texto Anterior: Mínimo deve subir de 5% a 8%, diz governo Próximo Texto: Janio de Freitas: Feridas abertas Índice
|