São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2004

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Para especialistas, propostas não têm articulação

DA REPORTAGEM LOCAL

As "soluções" que apareceram até o momento na campanha eleitoral para os problemas da saúde são focalizadas e não equacionam o sistema, avaliam estudiosos da área. "Não têm um modelo de gestão", afirma o professor de Políticas de Saúde da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Mangeon Elias.
O sistema de saúde é um tripé, formado por atenção básica, média (a das consultas especializadas) e hospitais.
Elias diz que os CEUs da saúde poderão auxiliar na área ambulatorial, mas chama a atenção para o fato de que deve haver organização para as demandas que irão gerar -profissionais, consultas e um volume difícil de prever de exames. Ele alerta ainda para a ausência de mecanismos administrativos que garantam que cada patamar da atenção à saúde cumpra suas prerrogativas. "Quem disse que as UBSs irão funcionar?", afirmou. "É avanço, mas é parcial." Para Elias, é preciso criar meios de responsabilizar quem não cumprir seu papel. E um sistema de informações.
"As duas coisas são parecidas", disse sobre as principais propostas dos candidatos. "Mas o problema aqui em São Paulo é que é preciso articular a alta, a média e a baixa complexidade."
Professor da Medicina Social da Santa Casa de São Paulo, Nelson Ibañez também alerta para a complexidade do sistema de saúde da capital. E diz que um dos desafios sempre foi a acessibilidade à rede e um sistema de referência para quem consegue o primeiro atendimento.
"O segundo problema é a gestão", aponta. É preciso que cada solução tenha sustentação. No caso do CEUs, avalia que poderão ser "uma fábrica de procedimentos". "E o custeio disso? Já há também dificuldades de médicos na periferia", disse, lembrando do risco de carência de profissionais para as unidades. "Hoje há desperdício, procedimentos desnecessários, em todos os lugares. Assusta. Além disso, faço 50 exames e depois, se não há dinheiro para os remédios?"
A proposta dos mini-hospitais, aponta o professor, é viável só se houver um gerenciamento conjunto com o hospital maior.
"O que deveria era melhorar o que está aí e articular o sistema."
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do candidato Paulo Maluf (PP) não respondeu ao pedido da reportagem para detalhar sua proposta de retomar o PAS (Plano de Atendimento à Saúde).
A candidata Luiza Erundina (PSB) encaminhou um documento de quatro folhas no qual defende o aumento de recursos para o setor, a expansão do Programa Saúde da Família e a articulação entre as redes.


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