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JULGAMENTO DO MENSALÃO
Em novas revelações do mensalão, doleiro complica PR e Dirceu
Advogado de ex-ministro diz que acusações não têm procedência e que o denunciante não tem credibilidade
Segundo Lúcio Funaro, Valdemar Costa Neto obteve empréstimo de R$ 3 mi e Dirceu fez transações com fundos de pensão
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em depoimento sob o acordo
de delação premiada, o operador de mercado financeiro Lúcio Bolonha Funaro fez uma série de denúncias contra a cúpula do PT e PR no caso do mensalão, segundo documentos obtidos pela Folha que compõem a
denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República ao
Supremo Tribunal Federal.
Funaro disse que ele e dois
doleiros emprestaram R$ 3 milhões ao então presidente do
PL Valdemar Costa Neto para
cobrir despesas da campanha
do partido em apoio à candidatura do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. Ao Ministério
Público, afirmou que um empresário pediu que fosse feito o
empréstimo a Valdemar "com
o intuito de pagar fornecedores
da campanha a presidente do
sr. Luiz Inácio Lula da Silva, da
coligação PL-PT", disse ele.
Em três depoimentos, entre
novembro de 2005 e março de
2006, Funaro disse que o ex-ministro José Dirceu pode ter
recebido R$ 500 mil "por fora"
de fundos de pensão. "Que tem
conhecimento de que o diretor-presidente e o diretor financeiro da Portus foram indicados por Dirceu; que essa
transação envolveu um pagamento "por fora", que não sabe
se destinado ao próprio deputado ou ao PT, da ordem de R$
500 mil", disse Funaro, segundo trechos do depoimento.
O advogado de Dirceu, José
Luiz Oliveira Lima, disse que as
acusações não têm nenhuma
procedência e que Funaro "não
tem nenhuma credibilidade".
Segundo Funaro, vários fundos de pensão sofriam ingerência do grupo de Dirceu e foram
usados pelo PT para irrigar o
mensalão. O fundo Portus estava entre as instituições que, segundo a CPI dos Correios, teriam abastecido o mensalão.
O doleiro acusou ainda o ex-deputado José Mentor (PT-SP)
de aceitar propina para livrar
nomes da CPI do Banestado.
Funaro foi investigado por essa
CPI - Mentor era relator.
Mentor estava num compromisso e não pôde falar com a
reportagem até o fechamento
desta edição. Valdemar Costa
Neto não foi encontrado para
falar sobre o assunto.
Funaro admitiu ser sócio
oculto da empresa de fachada
Guaranhuns, usada para repassar dinheiro do mensalão ao PL
(hoje PR). Ele foi apontado na
CPI dos Correios como um dos
principais suspeitos de operar
transações ilegais com fundos
de pensão para alimentar o
mensalão. Na CPI, Funaro negava ser sócio da Guaranhuns.
Ao Ministério Público Federal, confirmou ser o verdadeiro
dono da empresa e contou como recebia dinheiro da SMPB,
usada por Marcos Valério para
repassar o mensalão, em pagamento a supostos empréstimos
que diz ter feito a Valdemar.
(LEONARDO SOUZA, RANIER BRAGON, MARTA SALOMON E ANDREA MICHAEL)
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