São Paulo, Domingo, 29 de Agosto de 1999
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PAINEL

Rolo compressor

O cerco aos pequenos partidos, em curso no Congresso, tem o aval de FHC. Após a proibição de coligações nas eleições proporcionais, o que dificulta a vida de Ciro Gomes (PPS), estão no forno a cláusula de barreira e a diminuição do tempo de TV dos nanicos.

Bicada de todo lado

A idéia dos grandes partidos é enxugar o quadro para 2002. Sobreviveriam PFL, PMDB, PSDB, PT, PPB e, talvez, PTB. Mas pefelistas e peemedebistas também esperam tirar algum proveito em cima dos tucanos.


Novamente "Elle"!

Leopoldo Collor e Georges Gazale têm discretamente procurado empresários para conversar sobre a controvertida candidatura de Fernando Collor de Mello à Prefeitura de SP.

Conflagração política

Dirigentes da Articulação têm citado o exemplo dos trabalhistas ingleses, que expulsaram os grupos de esquerda para ganhar maior liberdade de movimento. É sintomático. O PT entrará rachado no congresso interno de novembro, em BH.

Ato em família

Por coincidência, um dos primeiras atos assinados por José Carlos Dias (Justiça) foi o processo de naturalização de Mônica, mulher de José Serra (Saúde), chilena de nascimento.

Nariz torcido

A movimentação de Ciro (PPS) tem incomodado FHC, que só se refere ao ex-ministro como "esse rapaz". Em conversa recente no Alvorada, por exemplo, disse que Ciro circula como se fosse "uma vestal", mas fez negociações prejudiciais quando estava na Fazenda.

Expansão africana

A Petrobras está discutindo a ampliação dos negócios da empresa na Nigéria, hoje avaliados em US$ 27 mi anuais (em Angola chegam a US$ 98 mi). O projeto é pelo menos triplicar o investimento na exploração de petróleo em águas profundas.


Prestígio em baixa

A execução orçamentária das emendas de bancadas indicava, até o dia 20, o Ceará em 1º lugar: R$ 44 mi dos R$ 78 mi previstos foram liberados. Vem em seguida Pernambuco, do vice Marco Maciel, com R$ 20 mi dos R$ 154 mi aprovados. São Paulo não teve um centavo dos R$ 104 mi acertados.

Pólvora no prelo

Mendonção está escrevendo um livro em que pretende relatar sua passagem pelo governo. FHC já foi informado do plano. E, como previsto, não gostou.

Apenas um lembrete

Deixar para a Justiça Federal o julgamento de crimes contra direitos humanos pode não ser uma boa solução. Foi o STJ que tirou Almir Gabriel (PA), seu secretário da Segurança e o comandante da PM do julgamento de Eldorado do Carajás.

Olho gordo

A direção nacional do PT ainda não engoliu a bela recepção do governador Jorge Viana (AC) a FHC. Quer saber como Zé Dirceu e Lula serão recebidos em viagens já programadas para setembro e outubro.

Cartas na mesa

É consenso entre os próximos de Covas que o vice-governador Geraldo Alckmin só não disputa se não quiser a Prefeitura de São Paulo. Os outros oitos pré-candidatos têm por ora o peso modesto de figurantes.

Antigas bases

Por questão de vaidade, FHC estaria magoado com o PSDB paulista, que não teve a delicadeza de ao menos informá-lo sobre a sucessão paulistana de 2000 ou pedir a ele sugestões.

Polarização clássica

Tem data marcada o confronto entre desenvolvimentistas e monetaristas do governo: dia 2, quinta, no seminário "Estabilidade e Desenvolvimento", que reunirá o PSDB e os ministros Malan (Fazenda) e Clóvis Carvalho (Desenvolvimento).

Tiroteio

De Marcelo Déda (PT-SE), sobre o fato de o PMDB ter substituído cinco de seus deputados na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara para impedir uma vitória dos ruralistas na votação do projeto que anistiaria dívidas rurais:
- Não sei o que sairá mais caro ao governo, o perdão aos agricultores ou a lealdade do PMDB.

Contraponto
Garganta profunda

O senador Suplicy (PT) era deputado federal, no início dos anos 80, quando recebeu um telefonema anônimo que revelava, em detalhes, um suposto superfaturamento nas compras de equipamentos pela Eletropaulo.
O possível responsável pela operação: Sérgio Motta, diretor da empresa e indicação de FHC ao então governador de SP, Franco Montoro.
Durante meses seguidos, o "garganta profunda" foi de uma perspicácia e de uma lealdade inabaláveis. Orientava Suplicy a buscar documentos ou o reorientava de forma correta. Tudo para tentar atingir Motta e, por extensão, seu padrinho político.
Passaram-se os anos até que, no final da última legislatura, o senador Gilberto Miranda (PFL-AM) mencionou o episódio a Suplicy. Com muitos detalhes.
O mistério estava desfeito: Miranda fora o informante. Ele que, já na época, utilizava terceiros para bombardear FHC. E com munição pesada, de um arsenal do qual também sairia, em 98, o suposto dossiê Cayman.


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