São Paulo, Domingo, 29 de Agosto de 1999
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QUESTÃO AGRÁRIA
Polícia quer evitar risco de conflitos em acampamentos e fazendas
PM prepara desarmamento em SP

da Agência Folha,

A Polícia Militar estuda fazer uma operação desarmamento em acampamentos de sem-terra e fazendas, caso continue o clima de tensão na região de Panorama, na divisa de São Paulo com o Mato Grosso do Sul.
O comando da PM se reuniu na semana passada com acampados do Mast (Movimento dos Agricultores Sem Terra) e com donos de fazendas já invadidas ou ameaçadas de invasão.
O objetivo do encontro foi ""desarmar os espíritos", já que existem acusações e ameaças de ambos os lados.
Um acampamento com mais de 900 famílias, a 10 km de Panorama, tem sido constantemente alvejado por tiros disparados, segundo o movimento, por seguranças a cavalo ligados à UDR (União Democrática Ruralista).
A presidente da entidade no Pontal do Paranapanema, Tânia Tenório de Faria, nega envolvimento nos conflitos.
O último tiroteio aconteceu anteontem de madrugada. Disparos acertaram móveis de barracos, mas ninguém se feriu.
No início de julho, um policial militar e um acampado foram baleados por homens encapuzados.
A idéia de uma operação desarmamento, aventada como ""medida extrema", tem apoio do Mast, mas é rechaçada pela UDR.
A dirigente ruralista disse que desarmar fazendeiros com armas registradas ""só vai facilitar a ação dos invasores".
""Os fazendeiros se sentem forçados a se defender diante da inoperância do governo", afirmou.
Para ela, a solução definitiva seria o governo aprovar proposta dos ruralistas de proibir vistoria de terras invadidas por um período de cinco anos.
Rodrigo Seabra, assessor do Mast, disse apoiar a operação desarmamento, mas afirmou duvidar que a polícia encontre armas com seguranças de fazendas.

MG
Em Minas Gerais, o presidente da Faemg (Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais), Gilman Viana, pediu ao governador Itamar Franco (PMDB-MG) que determine à polícia que cumpra as ordens de reintegração de posse emitidas pela Justiça no Estado.
Viana disse que a situação está ficando ""cada vez mais tensa no Triângulo Mineiro", com risco de conflitos.
Na semana passada, na fazenda Tangará, em Uberlândia, invadida pelo MLST, seguranças de fazendeiros da região bloquearam as estradas que dão acesso à fazenda. Os sem-terra ligados ao MLST ameaçaram resistir, mas o clima de confronto foi interrompido com a chegada de 70 homens da Polícia Militar.
A fazenda, de propriedade da Companhia de Integração Florestal, já foi vistoriada pelo Incra neste mês, mas o laudo ainda não foi emitido.







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