São Paulo, segunda, 29 de setembro de 1997.



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OUTRO LADO
Tucano se diz vítima de ACM

do enviado especial

O ex-governador baiano Nilo Coelho, agora pertencente aos quadros do PSDB e candidato a deputado federal, se define como uma vítima dos "superpoderes" do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), seu adversário político.
"Todas as acusações, todas as ações na Justiça, foram feitas por Antonio Carlos", diz. "Sorte minha é que ele manda em tudo na Bahia, inclusive no Judiciário, mas não controla a Justiça do país."
O principal argumento usado por Coelho é o conjunto de cinco processos encerrados contra ele no STJ (Superior Tribunal de Justiça), a quem cabe julgar governadores. Em nenhum dos casos sofreu condenação.
O ex-governador, no entendimentos dos ministros do STJ, não teve responsabilidade sobre gastos envolvendo dinheiro público. Para o grupo de aliados de ACM na Bahia, o ex-governador é um dos maiores beneficiados com a impunidade no Brasil.
Amparado pela decisão do STJ, o ex-governador diz estar tranquilo sobre a ação do governo baiano, que quer que ele devolva o dinheiro gasto para emagrecer em um spa e passar o reveillon em um hotel.
Para Nilo Coelho, os gastos não atingiriam R$ 10 mil atualmente. Por isso, ele também discorda do valor de R$ 400 mil, segundo avaliação preliminar da Procuradoria de Combate à Corrupção e Improbidades Administrativas.
Coelho atribui a cobrança à insatisfação de ACM e do seu grupo, que resistem a aceitar decisões jurídicas que estejam fora do âmbito da Bahia.
"Aqui (em Salvador), eles mandam em todos os juízes, na polícia, tribunais, e os seus inimigos estão naturalmente condenados", afirma Coelho.
Ficam impunes, em sua opinião, apenas os obedientes.
"Ele (ACM) dá um kit da impunidade aos que se aliam. Esses ficam protegidos pela polícia, TCE e Justiça", afirma. "Até entendo os prefeitos que se rendem a esse esquema, pois, do contrário, ficam em apuros", completa.



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