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Poderes não entram em acordo
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
Ruiu o teto salarial para o funcionalismo público, um dos pilares da recente reforma administrativa. Os chefes dos três Poderes, que deveriam definir o valor
do teto, não conseguiram conciliar pressões por ganhos salariais
de juízes e parlamentares.
Mais de um ano depois de o
Congresso promulgar uma das
mais polêmicas emendas constitucionais propostas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, o teto não saiu do papel, e a cúpula dos três Poderes já estuda
uma nova mudança na Constituição para driblar o impasse.
As alternativas em estudo poderão custar mais aos cofres públicos que o teto de R$ 12.720, cujo
gasto extra foi estimado pelo governo em R$ 224,4 milhões por
ano, sem contar o pagamento da
diferença aos juízes retroativo a
janeiro de 98, garantido por lei.
Idealizado como forma de barrar altos salários na administração pública, o teto transformou-se ontem num impasse na cúpula
dos três Poderes porque seus chefes não conseguiram administrar
pressões por aumentos salariais e
pela manutenção de vantagens.
O texto da reforma administrativa é claro: os chefes dos três Poderes deveriam definir em conjunto o salário dos ministros do
STF (Supremo Tribunal Federal),
cujo valor funcionaria como teto
para as remunerações pagas pela
administração pública. Ninguém
poderia ganhar mais do que o teto
em um ou mais contracheques.
Segundo a emenda constitucional
promulgada em junho de 98, o valor incluiria "vantagens pessoais
ou de qualquer outra natureza".
Desde então, os presidentes da
República, do STF, da Câmara e
do Senado vêm fracassando ao
tentar um acordo. Em dezembro,
chegaram a definir o teto em R$
12.720, mas voltaram atrás diante
da má repercussão na opinião pública do aumento de até 59%.
Recuaram também por causa
das pressões dos parlamentares
que calcularam que perderiam se
tivessem de abrir mão de vantagens pessoais, como o pagamento
de até seis salários extras.
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