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GOVERNO
Às vésperas do primeiro turno, Planalto decide não comentar acusações contra o
primeiro escalão e troca de acusações entre o pefelista ACM e o peemedebista Geddel Vieira Lima
FHC silencia sobre ministros e aliados
WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso e seus principais assessores políticos adotaram o silêncio como principal arma, de
ataque e de defesa, nesses dias que
antecedem as eleições municipais. Nenhum assunto, intriga ou
provocação terá resposta do Palácio do Planalto até domingo.
Nessa situação se enquadram
tanto as acusações de uso da máquina por parte do ministro Carlos Melles (Esporte e Turismo)
quanto a polêmica em torno de
gravações com a voz de FHC que
envolvem o presidente do Congresso, senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA), e o líder do
PMDB na Câmara, deputado
Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).
Assessores do presidente concluíram que qualquer ação do
presidente, na reta final das eleições municipais, será apenas criar
mais confusão que aquelas que
naturalmente acontecessem.
Para evitar que haja qualquer
comentário sobre os temas eleitorais, até as conversas diárias dos
jornalistas com o porta-voz de
FHC, Georges Lamazière, foram
suspensas, desde quarta-feira.
No caso entre ACM e Geddel, o
Planalto identificou que está por
trás a sucessão na presidência do
Senado, que acontecerá em fevereiro do ano que vem.
Na verdade, a briga é entre o
PFL e o PMDB, que pretende emplacar o nome do presidente do
partido, senador Jader Barbalho
(PA) -inimigo político de ACM.
Na última quarta, Geddel fez
chegar a FHC a queixa de que
ACM o acusava de fraudar uma
gravação de rádio em que o presidente elogiava o líder peemedebista. Duas fitas, com a voz de
FHC, foram usadas na campanha
do candidato do PMDB à Prefeitura de Itapetinga, Michel Haje.
A cidade, a principal na atividade pecuária no interior baiano,
tem como prefeito e candidato à
reeleição José Otávio, da coligação PFL-PL -portanto, apoiada
por ACM. Até duas semanas
atrás, prevalecia um acordo de
não-agressão entre os dois candidatos, que foi quebrado com a decisão dos partidos de intensificar
o apoio às duas campanhas.
Ontem, o Planalto confirmou
que a voz de FHC nas fitas é verdadeira e que as gravações foram
feitas por ele fora do contexto eleitoral. Apesar da confirmação, evitou-se criticar ACM, que havia
afirmado que a fita era forjada.
Tudo o que assessores do presidente não querem, neste momento, é que FHC tome partido -especialmente contra ou a favor de
ACM. O mesmo vale para o suposto dossiê que ACM teria contra o ministro José Serra (Saúde).
O presidente do Congresso acusa o ministro de privilegiar o repasse de verbas para municípios
baianos comandados pelo PSDB.
No caso do ministro Carlos Melles, o Planalto decidiu só discutir
seu futuro depois das eleições.
Melles é acusado de viajar em
avião da FAB para fazer campanha e de se valer do cargo para
tentar eleger a mulher, Marilda,
para a Prefeitura de São Sebastião
do Paraíso (MG), pelo PFL.
Segundo assessores de FHC, o
caso de Melles é como "chuva de
verão": é forte e tem muitas trovoadas, mas passa rápido. De
qualquer forma, será discutido na
reunião que FHC deve realizar no
início da próxima semana para
avaliar o resultado das eleições.
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