São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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CLÁUDIO VIEIRA

Dez anos depois, o advogado Cláudio Vieira, ex-secretário particular de Fernando Collor, diz que ainda não recebeu nenhuma cobrança pelo empréstimo que fez de US$ 5 milhões na famosa "Operação Uruguai". "Não sei se o Fernando [Collor] pagou. Eu não paguei e também não fui cobrado", diz. A reação do advogado confirma a impressão da CPI de que o empréstimo no Uruguai foi inventado para justificar dinheiro de caixa dois da campanha, que depois serviu para pagar as despesas pessoais da família presidencial. Hoje as empresas de Fernando Collor, em Alagoas, são alguns dos principais clientes de seu escritório de advocacia. "Temos uma boa relação", diz o advogado. Cláudio Vieira divide o tempo entre a defesa judicial de seus clientes, na capital alagoana, e a própria, em Brasília. O ex-secretário de Collor vem tentando embargar na Justiça Federal a cobrança de uma dívida tributária de mais de R$ 10 milhões.

AMIR LANDO

O senador Amir Lando (PMDB-RO), relator da CPI que investigou o esquema de corrupção do governo Collor, ainda faz oposição e está prestes a anunciar apoio ao candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. Recentemente, revelou à revista "IstoÉ" ter recebido três propostas de suborno de pessoas ligadas a Collor para livrar o ex-presidente. A maior delas chegou a US$ 200 milhões, diz ele. Depois da notoriedade da CPI, Lando parecia ter sido mais uma vítima do que se chamou ""maldição de Collor". Na eleição de 1994, não foi reeleito. Passou quatro anos exercendo a advocacia em Rondônia. Em 98, foi eleito, assumindo o mandato que termina em 2007.

THEREZA COLLOR

Thereza Lyra Collor de Mello era casada com Pedro Collor de Mello, o principal artífice das denúncias de corrupção no governo do irmão, Fernando. Filha de uma rica família de Alagoas, Thereza se viu envolvida em rumores segundo os quais Pedro acusava Fernando porque este cortejara Thereza. Isso nunca foi confirmado. Ao longo do processo de deposição do presidente, virou celebridade e foi chamada de "musa do impeachment". Depois da morte de Pedro, em 1994, Thereza teve um rápido namoro com o filho do presidente Fernando Henrique Cardoso, Paulo Henrique. No ano passado ela se casou com o empresário do ramo imobiliário Gustavo Halbreich, com quem vive em São Paulo.

LAFAIETE COUTINHO

O ex-presidente da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil tem hoje uma consultoria. Foi nos anos 90 investigado por empréstimos sem contrapartida patrimonial, distribuídos no Congresso aos que se comprometessem a não apoiar o impeachment. Sua situação se complicou em 98, quando, supostamente orientado por Paulo Maluf, sogro de sua filha, ofereceu a Lula, durante campanha presidencial, cópia do apócrifo "dossiê Caiman", sobre esquema de depósitos bancários de dirigentes do PSDB. O Ministério Público obteve a abertura, contra Lafaiete, de processo por crime contra a honra.

CLÁUDIO HUMBERTO

O jornalista Cláudio Humberto Rosa e Silva, 48, ex-porta-voz de Fernando Collor, assina hoje uma das colunas mais polêmicas do país. Reproduzidas por 35 jornais de 23 Estados, suas notas costumam trazer informações sobre corrupção, bastidores da política e até maledicências conjugais. "Para mim, o governo Collor é um dado biográfico que está no passado", diz. Quando deixou o cargo de porta-voz, no início de 1992, foi agraciado com um posto na Embaixada de Portugal. Viveu por lá até 1995. Recomeçou em Brasília fazendo serviços temporários. Hoje está entre os jornalistas mais bem pagos da capital.

EGBERTO BATISTA

O ex-secretário de Desenvolvimento Regional, responsável por contratos de órgãos como Sudam e Sudene, instalou-se depois do impeachment em São Paulo, onde abriu um escritório de consultoria em estratégia. Fechou-o em 1999 e voltou para o Amazonas, onde, ao lado do irmão Gilberto Miranda (ex-senador e agora segundo suplente do candidato Gilberto Mestrinho ao Senado), voltou a ser uma das eminências pardas da política local.

ANTÔNIO ROGÉRIO MAGRI

O ex-ministro do Trabalho de Collor é hoje assessor do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de São Paulo, mas passa boa parte do tempo no comitê de Paulo Pereira da Silva (PTB), líder da Força Sindical e vice na chapa de Ciro Gomes (PPS). Não quis falar à Folha sobre sua passagem pelo governo ou sobre os prejuízos que a condenação por corrupção passiva (da qual recorreu) acarretou à sua imagem pessoal. A condenação a dois anos de prisão teve como pivô suposto recebimento de propina para que verbas do FGTS financiassem, no Acre, o Canal da Maternidade, uma obra de grande porte.

JORGE BANDEIRA DE MELLO

Começou a ficar conhecido como o piloto do jatinho Morcego Negro, símbolo da ostentação do grupo de Fernando Collor. Usada na campanha eleitoral de 1989, a aeronave era de propriedade de PC Farias, de quem, descobriu-se depois, Bandeira era sócio em uma empresa, a Brasiljet, utilizada no esquema de corrupção. Com sua prisão preventiva decretada, Bandeira fugiu do país, assim como PC. Foi preso na Argentina, julgado e condenado a um ano e quatro meses de prisão. Hoje, vive em Maceió (AL), onde é dono de restaurante.

BENITO GAMA

Ex-presidente da CPI que levou à queda de Fernando Collor, Benito Gama (PMDB-BA) disputa a quarta reeleição como deputado federal. Na época, exercia seu segundo mandato, ganhou notoriedade nacional e também dificuldades na convivência com o padrinho político Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). ACM trabalhou contra o impeachment de Fernando Collor e esperava que Benito atuasse para evitar o afastamento do ex-presidente. Ao desafiar a orientação carlista, Benito perdeu para Paulo Souto a indicação para disputar o governo da Bahia. No início do ano passado, rompeu com o PFL baiano e se filiou ao PMDB.


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