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Homicídios entre guaranis e caiuás crescem 93% no MS
Alcoolismo está ligado a violência, afirma Funasa
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O número de assassinatos de
índios guaranis e caiuás neste
ano em Mato Grosso do Sul, registrados até agosto, chegou a
27. É quase o dobro do verificado durante todo o ano passado,
quando ocorreram 14 homicídios nas aldeias.
Além dos casos de assassinatos, há suicídios por enforcamento entre os guaranis e os
caiuás. Foram 21 casos neste
ano até o mês de agosto.
De 2001 a 2006, 285 índios se
enforcaram, sendo que 60 deles
tinham entre 10 e 14 anos de
idade, 103 tinham de 15 a 19
anos e dois eram crianças de
nove anos.
Os dados da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), que dá
assistência médica aos índios,
mostram ainda que neste ano a
desnutrição esteve entre as
causas da morte de 12 crianças
guaranis e caiuás menores de
cinco anos.
Para evitar mortes por desnutrição, agentes da Funasa
pesam semanalmente as crianças indígenas, distribuem leite
e cestas básicas.
No pólo indígena de Amambaí (MS), por exemplo, onde vivem 2.125 crianças guaranis e
caiuás menores de cinco anos,
26 estão com desnutrição severa (muito baixo do peso, no termo técnico), 290 com desnutrição moderada (baixo peso) e
401 em risco nutricional.
Violência
Os agentes da Funasa, no
entanto, afirmam não ter como
combater a violência nas
aldeias.
O coordenador regional da
Funasa, Flávio da Costa Britto
Neto, disse que poderá suspender o atendimento aos índios
durante a noite para não arriscar a vida de funcionários.
Na região sul do Estado vivem, segundo a Funasa, 36.843
guaranis e caiuás.
A Funai (Fundação Nacional
do Índio) mantém apenas
quatro seguranças nas aldeias
de Dourados, que abrigam
11.198 índios e onde ocorreram
pelo menos 12 homicídios
neste ano.
O alcoolismo está diretamente relacionado com os assassinatos, de acordo com a Funasa. Facões geralmente são
usados nos crimes.
Na maioria dos casos, os índios que matam ou são mortos
estão bêbados.
A Funasa contratou quatro
psicólogos, sendo dois deles indígenas, para atender os guaranis e caiuás em programas de
combate ao alcoolismo.
Uma outra preocupação do
órgão é o uso de drogas.
A falta de terra -em Dourados 10,6 mil índios vivem em
apenas 3.500 hectares- e o
alcoolismo são apontados por
antropólogos como causas dos
suicídios.
A bebida, segundo relato da
Funasa, também leva pais indígenas a abandonar o cuidado
com crianças desnutridas, levando à morte os indiozinhos.
Lideranças indígenas atribuem
a desnutrição ao atraso na entrega de cestas básicas do governo federal.
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