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ELEIÇÕES
Ministro não quer concorrer à Presidência se o petista for candidato
Sepúlveda condiciona
sua candidatura a apoio de Lula
SILVANA DE FREITAS
enviada especial a Recife
O ministro Sepúlveda Pertence,
do STF (Supremo Tribunal Federal), sondado pela oposição para
concorrer à Presidência da República, está condicionando sua
eventual candidatura à desistência
do PT em lançar novamente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Em conversas reservadas, Sepúlveda tem afirmado que só trocará
o STF pelo projeto político se contar com o apoio de Lula, de quem é
amigo há mais de 20 anos.
Pesa nessa opção uma avaliação
informal de que o apoio de Lula
transferiria a Sepúlveda grande
parte dos 20 milhões de votos com
que o candidato petista contaria.
Sem um entendimento em torno
de um único candidato até agora,
integrantes da oposição já apostam em um cenário de pelo menos
dois candidatos ao Planalto.
O nome de Lula é apontado como o único capaz de evitar um racha no PT, mas o PSB sinalizou
que não repetirá o apoio dado a ele
nas duas últimas eleições presidenciais.
"O PT não tem como se aliar a
ninguém que não seja do próprio
partido. Por isso, a perspectiva é
termos duas candidaturas", disse
o deputado Fernando Lyra
(PSB-PE), anteontem à noite, durante uma solenidade em que Sepúlveda recebeu o título de cidadão de Pernambuco.
Críticas a FHC
Com um discurso político, Pertence agradeceu a concessão do título pela Assembléia Legislativa,
anunciando-se, de forma discreta,
como alternativa ao projeto político do presidente Fernando Henrique Cardoso.
O ministro afirmou, indiretamente, que FHC não assegurou a
democracia ao país, porque não
resolveu os problemas sociais. Falando em nome do Poder Judiciário, citou o perfil de um novo magistrado, mais politizado.
"O magistrado rompe a sua postura tradicional de alienação a pretexto de falsa neutralidade e assume francamente o seu comprometimento com a construção da democracia, feita não apenas do respeito às formas, mas também da
efetivação dos pressupostos da cidadania, inconciliáveis com a miséria e a exclusão."
Ele encerrou o discurso afirmando que "esse comprometimento e
essa consciência irritam muitos
poderosos".
Um entendimento entre o PSB e
o próprio ministro transformou a
entrega do título em um ato de lançamento do nome de Sepúlveda no
cenário político.
Ele e o governador de Pernambuco, Miguel Arraes (PSB), conversaram anteontem à noite em
um jantar com a presença de apenas outras quatro pessoas. Desde
sábado, quando chegou a Recife
para participar do congresso de
magistrados, Sepúlveda tem conversado reservadamente com
membros do PSB.
O governador e o ministro negaram ter conversado sobre candidaturas e a possível filiação de Sepúlveda ao PSB. "São suposições e
hipóteses e qualquer coisa a mais
seria precipitação", disse o ministro.
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