São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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Chegar ao segundo turno foi surpresa

DO ENVIADO ESPECIAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA


Em três meses de campanha, o deputado estadual Ângelo Vanhoni (PT) abalou a hegemonia dos maiores líderes da política do Paraná. Seja qual for o resultado da eleição de hoje, o governador Jaime Lerner (PFL) e os senadores Roberto Requião (PMDB) e Álvaro Dias (PSDB) saem derrotados pelo crescimento do PT na cidade de Curitiba.
Em agosto, quando começou a campanha, o próprio Vanhoni, 45, não imaginava que poderia disputar a prefeitura com chances reais. "Tínhamos claro que poderíamos ir ao segundo turno, mas a evolução da campanha foi uma surpresa", disse.
Foi uma surpresa também para os eleitores do PT -partido que tradicionalmente não conseguia ultrapassar a marca dos 10% dos votos em Curitiba.

Campanha light
Vanhoni chegou ao segundo turno depois de quebrar alguns dogmas da propaganda petista: trocou a tradicional cor vermelha pelo amarelo, fez da estrela símbolo do partido uma caricatura infantil e passou a maior parte da campanha sem fazer ataques à gestão do PFL.
Foi uma campanha que apresentou um PT light, sem os ares considerados radicais.
Mais assustador ainda para os tradicionais petistas: Vanhoni reconheceu que o grupo de Lerner fez boas administrações. "Mas deixaram de investir no social, e é isso que diferencia as minhas propostas das do PFL", afirma.
O tom suave da propaganda deu tão certo que a maior acusação que o PFL fez ao adversário foi de que ele não era original.
Vítima de poliomielite na infância, Vanhoni anda com a ajuda de muletas. A deficiência não foi citada por nenhum dos lados na campanha. "Até esta campanha, muitas pessoas nem sabiam da minha deficiência. Nunca estigmatizei minha atuação política por ela", disse o candidato.

Rebeldia
Ele é o segundo deputado estadual da família. O pai foi presidente da Assembléia Legislativa do Paraná nos anos 60 pela conservadora UDN. Quando entrou no PT, em 1980, Vanhoni desagradou à família, que achou o gesto uma rebeldia de juventude.
Opinião familiar que prosseguiu quando Vanhoni, formado em Letras, tornou-se líder sindical bancário e representante das correntes trotskistas no PT. Eleito vereador em 1988, Vanhoni passou do radicalismo ao pragmatismo. Mudou para a corrente moderada Articulação e fez a campanha do partido que foi a mais moderada e a que obteve mais sucesso em Curitiba. (TT e WO)


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