São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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Tucano lamenta ter entrado na disputa

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O ex-goleiro do Atlético-MG e da seleção brasileira João Leite disse estar decepcionado com a campanha eleitoral e que lamenta ter sido ele o escolhido pelo PSDB para disputar a prefeitura da capital mineira.
"Lamento ter sido eu o candidato, de ter participado da campanha. Não queria ter passado por isso. Não que desejo isso para outro companheiro do PSDB, mas lamento ter sido eu", disse o candidato tucano.
A sua decepção, segundo afirmou, está no fato de a campanha para a Prefeitura de Belo Horizonte ter tomado o rumo dos ataques, do "baixo nível", da "injustiça" e das críticas pesadas.
Apesar de tudo isso, João Leite diz que se sente "fortalecido e disposto a lutar pela democracia".
João Leite da Silva Neto sempre foi uma espécie de "estranho no ninho" tucano. Deputado estadual pelo segundo mandato consecutivo, tendo ganhado notoriedade pelo seu trabalho na Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, ele sempre criticou as alianças formadas pelo PSDB com partidos mais à direita, especialmente o PFL.
Recentemente, ele disse em uma entrevista à Folha que se sente mais próximo do PT do que de qualquer outro partido de centro-direita com os quais os tucanos convivem politicamente.
Desde que encerrou a carreira esportiva e decidiu ingressar na política, em 1992, se elegendo vereador pelo PSDB, as suas ligações com o PT foram intensas, a ponto de ocupar a Secretaria de Esportes na gestão do petista Patrus Ananias (1993 a 1996).
Mas a sua relação com o PT foi abalada com a campanha. "O respeito que tinha está perdido. Estou decepcionado com as pessoas com as quais convivi, com o PT", afirmou ele, que já foi convidado para integrar o partido.
O estilo "puro" de João Leite, como define o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), o manteve afastado das decisões polêmicas durante a campanha para a Prefeitura de Belo Horizonte.
A Agência Folha apurou que ele sempre pediu aos seus correligionários para deixá-lo fora das questões que, no entendimento do partido, exigiam ações políticas mais duras. (PP)


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