|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OPOSIÇÃO
Encontro foi preparatório para reunião de 2002
Para debatedores do Fórum Social, Brasil deveria decretar moratória
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A necessidade de uma moratória da dívida pública foi o tema
que norteou os debates do 1º Fórum Social do Rio de Janeiro,
ocorrido neste fim-de-semana e
preparatório para o 2º Fórum Social Mundial, marcado para o ano
que vem, em Porto Alegre.
O economista César Benjamin,
principal teórico da Consulta Popular (organização formada por
ativistas políticos, sindicatos e
ONGs para elaborar propostas alternativas para o Brasil), e o editor-chefe do periódico mensal
francês "Le Monde Diplomatique", Bernard Cassen, foram os
debatedores do primeiro dia.
Benjamin disse que, tanto sob
os aspectos moral e legal, como
das relações econômicas internacionais, a moratória não representa um grande problema. Primeiro, porque um Estado tem soberania para entrar e sair de contratos; segundo, porque "os banqueiros já calcularam seu prejuízo, quando cobraram uma alta taxa de juros, devido ao risco"; e,
por último, porque ninguém iria
querer isolar o Brasil.
Foi consenso geral que a dívida
deve, pelo menos, passar por uma
auditoria, e que não vai acontecer
nada, se o Brasil declarar moratória -em tese, quando um país
deixa de pagar suas dívidas, cessa
o crédito no mercado externo.
"O próximo governo provavelmente será um governo de crise.
Estamos entrando em processo
de falência", completou Benjamin, em tese que foi reforçada pelo economista da UFRJ Reinaldo
Gonçalves, no segundo dia.
Gonçalves, que trabalha numa
pesquisa histórica sobre a dívida
pública, afirmou que "não há registro na história do Brasil de um
processo tão acelerado de endividamento interno como no governo Fernando Henrique".
A alta dos juros, promovida entre 1998 e o início de 2000 e retomada neste ano, a maxidesvalorização do real, em janeiro de 1999 e
em parte de 2001, foram os principais responsáveis pelo crescimento da dívida pública, cujo estoque
correspondia a 34,3% do PIB
(Produto Interno Bruto) no final
de 97. Atualmente está em cerca
de 55% -a maior parte vence a
longo prazo. O governo não levanta a hipótese de moratória.
O cientista político e pesquisador da Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio
de Janeiro) Luiz Fernandes analisou o conflito no Afeganistão e
pontuou outra tendência do Fórum, a de considerar tanto os ataques ao World Trade Center, em
11 de setembro, quanto as retaliações norte-americanas como
ações ilícitas.
Texto Anterior: Trabalho: Petroleiros aceitam oferta da Petrobras Próximo Texto: Entenda: Debater idéias e tendências é mote da reunião Índice
|