São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2008

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NELSON DE SÁ - nelsondesa@folhasp.com.br

Juros lá e cá

Wall Street saltou 10% pela "esperança de um corte na taxa de juros do Fed", o banco central americano, segundo a manchete on-line do "New York Times". Aqui, a Bovespa saltou 13%, mas foi porque Wall Street subiu, segundo o Valor Online.
Sobre os juros brasileiros, que também saem hoje, a Bloomberg ouviu economistas e eles se apresentaram divididos: 14 apostam em manutenção da taxa, 11 em nova alta. O "Financial Times" aposta em alta, ponto. O blog de Vinicius Torres Freire, ontem na Folha Online, ironizou que a falida Islândia elevou sua taxa para 18%, "jogou o Brasil para segundo lugar" e agora "o risco é o Banco Central ficar com inveja".

RICOS & EMERGENTES
Seguem as reportagens sobre o fim do "descolamento" entre economias desenvolvidas e emergentes. "Guardian" e "Financial Times", ontem, abordaram especificamente a Bovespa, que está colada em Wall Street.
O movimento tem duas mãos. Em coluna hoje no "FT", Martin Wolf destaca como "vital" para EUA e Europa que os emergentes mais afetados "sejam mantidos à tona". Também o crédito: "Se os bancos não se dispuserem a emprestar, os bancos centrais devem tomar seu lugar".

RECOLAR
newyorker.com
O ministro da Fazenda foi parar na "New Yorker". Steve Coll reproduz pronunciamento em que Guido Mantega cita Franklin Roosevelt, "estamos sofrendo de individualismo selvagem", e prega um novo "sistema de controles, que requer cooperação internacional". Coll chega a dizer que, "embora menos nobre, faz lembrar algumas das lições de moral de Gandhi ao império britânico sobre a implicação de seus próprios princípios democráticos".
Como Wolf e o "New York Times", este em editorial, o jornalista defende o "recolamento entre emergentes e o Ocidente", inclusive política monetária. Argumenta que é para não perder a "classe média" que surgiu por aqui.

ALCA, O RETORNO
Duas semanas depois de um artigo do senador Chris Dodd, em defesa de maior aproximação com Lula e até com Raúl Castro, o "Miami Herald" deu novo texto, de uma acadêmica, em defesa do aumento no "vínculo EUA-Brasil". Mas agora se fala em ampliar "o livro comércio bilateral", talvez formando com outros "parceiros de livre comércio" toda uma "área de livre comércio".

BRASIL & CUBA
Reuters, Ansa e outras, no topo das buscas de notícias em espanhol, diziam ontem que Lula vai convidar Raúl Castro para a cúpula latino-americana, em dois meses. Seria a primeira viagem do novo "mandatário cubano".
Mas a atenção maior, por ora, é com a "possível reunião" de Lula e Fidel -e um acordo de Petrobras e Cupetróleo, para explorar as grandes reservas cubanas no mar.

PERDE-E-GANHA
A queda-de-braço sobre quem venceu e quem perdeu na eleição municipal foi parar na cobertura estatal chinesa, ontem. O site da emissora CCTV noticiou que o "partido governista", o PT, "fracassou em capturar a prefeitura no centro financeiro de São Paulo". Mas a agência Xinhua despachou que as eleições "reforçaram o poder do atual governo", com o crescimento do PT, do PMDB e do PSB. E ressaltando Eduardo Paes no Rio.

O FIM
csmonitor.com
O "Christian Science Monitor" anunciou em sua própria home page, no alto, "Monitor muda estratégia da imprensa para a internet". Ano que vem, aos 100, deixa de circular em papel, mantendo uma revista dominical. É para "cortar custos", destaca o "NYT", que noticiou a decisão na home e sublinhou sua "reputação".
O editor do mesmo "NYT", em discurso postado pelo "New York Observer" com eco nos sites de mídia, afirmou a "confiança no futuro" do jornal, louvou a "fidelidade dos assinantes" e os rendimentos recentes em papel.

SEM EQUILÍBRIO
O site Politico trazia ontem manchete sobre o suposto enviesamento na cobertura da eleição americana. Diz o Projeto pela Excelência no Jornalismo que John McCain enfrenta quatro vezes mais notícias negativas do que positivas. Por outra parte, o republicano vai mal e não retratar isso seria buscar um "equilíbrio artificial".

SEM SUSPENSE
Mas é nas redes e nos canais de notícias que o problema se amplia, a ponto de o "NYT" questionar que âncoras estão a um passo de afirmar que "acabou". Obama é tratado como "altamente favorito" nesta eleição, com "liderança quase insuperável". Mais uma vez, o outro lado diz que é na própria realidade eleitoral que falta "suspense".


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@ - Nelson de Sá



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