DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A CPI dos Bingos ouve hoje, às 10h30, Ademirson Ariovaldo da Silva, assessor do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, mas mantém a incerteza sobre o dia em que o ministro deve depor.
O próprio Palocci estará hoje na Câmara para prestar depoimento às 10h à comissão especial que analisa a criação do Fundeb, o novo fundo para financiar o ensino básico. Deputados da oposição não descartam questioná-lo sobre denúncias de irregularidades na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP).
Ademirson foi diretor de investimentos do Instituto de Previdência de Ribeirão Preto, no segundo mandato de Palocci como prefeito daquela cidade (2001-02). A CPI apura suposto recebimento de propina por membros da prefeitura para um caixa dois do PT.
Os senadores da comissão também querem esclarecer o motivo das mais de 1.400 ligações telefônicas trocadas entre Ademirson e Valdemir Poleto, ex-secretário de Palocci em sua segunda gestão.
Poleto é suspeito de transportar caixas contendo dólares de Cuba para a campanha de Lula à Presidência, em 2002. Ele já negou ter feito isso à CPI. Sobre a troca de telefonemas com Ademirson, Poleto disse que eram amigos.
O telefone de Ademirson está registrado em nome do Ministério da Fazenda e às vezes era usado pelo próprio Palocci. Os senadores suspeitam que ex-assessores de Palocci em Ribeirão faziam tráfico de influência no governo.
Em 2003, Poleto e outros ex-assessores de Palocci montaram uma casa em Brasília que tinha como objetivo "fazer negócios", como declarou Poleto à CPI. Ademirson freqüentou a casa.
Apesar do cerco ao ministro (Ademirson será o terceiro assessor de Palocci ouvido pela CPI), os senadores ainda não sabem com certeza se e quando Palocci comparecerá para prestar depoimento. O presidente da comissão, Efraim Morais (PFL-PB), disse ontem que pretende conversar com ele para definir a data. "As coisas estão esfriando", observou o relator da CPI dos Bingos, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN).