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Religioso encontra fiéis, curiosos e autoridades
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM SOBRADINHO (BA)
Com 72 quilos, cinco a mais
do que pesava quando iniciou
sua primeira greve de fome dois
anos atrás, o bispo dom Luiz
Flávio Cappio, 61, passou os
primeiros dias do seu segundo
jejum contra a transposição das
águas do rio São Francisco fazendo campanha corpo-a-corpo em favor da sua tese.
Ontem, em Sobradinho (BA),
Cappio deixou várias vezes a
sacristia da igreja de São Francisco para atender, do lado de
fora, os fiéis, autoridades e curiosos que pediam para vê-lo.
À tarde, ele se sentou ao pé da
porta com um grupo de estudantes de uma escola municipal para explicar a eles sua visão sobre o projeto do governo.
O religioso, que entra hoje no
terceiro dia de jejum, passa a
maior parte do tempo sentado
dentro de uma sala abafada, coberta por telhas de amianto,
sob a mira constante de um
ventilador e acompanhado por
pelo menos dez seguidores.
A cada meia hora, bebe em
uma caneca de plástico amarelo água do rio São Francisco, filtrada em um pote de barro.
À noite, ministra uma missa
e aproveita para explicar a razão do seu protesto. Cappio
dorme em um colchão colocado sobre o chão de cimento vermelho. Suas roupas, que ele
mesmo lava, secam sobre cordas de náilon presas à parede.
Apesar do crescente fluxo de
visitantes, o clima em Sobradinho, local do protesto, ainda
não se parece com o de Cabrobó (PE), onde romarias se formaram para ver o bispo, que ficou 11 dias sem comer em 2005.
Cappio, que encerrou o protesto anterior quatro quilos
mais magro, reclama hoje que o
governo não cumpriu o acordo
que determinou o fim do primeiro jejum. Segundo ele, as
obras começaram sem as discussões sobre o projeto.
O governo nega a acusação e
lamenta a decisão de Cappio. O
religioso afirma que manterá o
jejum até a morte, se o projeto
não for arquivado. Ele não vê
descumprimento de dogma da
igreja ao colocar sua vida em
risco com o protesto.
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