São Paulo, quinta-feira, 29 de novembro de 2007

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Religioso encontra fiéis, curiosos e autoridades

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SOBRADINHO (BA)

Com 72 quilos, cinco a mais do que pesava quando iniciou sua primeira greve de fome dois anos atrás, o bispo dom Luiz Flávio Cappio, 61, passou os primeiros dias do seu segundo jejum contra a transposição das águas do rio São Francisco fazendo campanha corpo-a-corpo em favor da sua tese.
Ontem, em Sobradinho (BA), Cappio deixou várias vezes a sacristia da igreja de São Francisco para atender, do lado de fora, os fiéis, autoridades e curiosos que pediam para vê-lo.
À tarde, ele se sentou ao pé da porta com um grupo de estudantes de uma escola municipal para explicar a eles sua visão sobre o projeto do governo.
O religioso, que entra hoje no terceiro dia de jejum, passa a maior parte do tempo sentado dentro de uma sala abafada, coberta por telhas de amianto, sob a mira constante de um ventilador e acompanhado por pelo menos dez seguidores.
A cada meia hora, bebe em uma caneca de plástico amarelo água do rio São Francisco, filtrada em um pote de barro.
À noite, ministra uma missa e aproveita para explicar a razão do seu protesto. Cappio dorme em um colchão colocado sobre o chão de cimento vermelho. Suas roupas, que ele mesmo lava, secam sobre cordas de náilon presas à parede.
Apesar do crescente fluxo de visitantes, o clima em Sobradinho, local do protesto, ainda não se parece com o de Cabrobó (PE), onde romarias se formaram para ver o bispo, que ficou 11 dias sem comer em 2005.
Cappio, que encerrou o protesto anterior quatro quilos mais magro, reclama hoje que o governo não cumpriu o acordo que determinou o fim do primeiro jejum. Segundo ele, as obras começaram sem as discussões sobre o projeto.
O governo nega a acusação e lamenta a decisão de Cappio. O religioso afirma que manterá o jejum até a morte, se o projeto não for arquivado. Ele não vê descumprimento de dogma da igreja ao colocar sua vida em risco com o protesto.


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